Guterres gerou momento consensual no Parlamento

Plenário da Assembleia da República aprovou por unanimidade voto de congratulação da eleição para secretário-geral da ONU

Foto
Rui Gaudencio/arquivo

No momento em que votavam a favor de um voto de congratulação pela nomeação de António Guterres para secretário-geral da ONU, os deputados de todas as bancadas levantaram-se e bateram palmas.

Da esquerda à direita, os líderes parlamentares desejaram felicidades ao antigo primeiro-ministro e disseram esperar que seja uma intervenção com uma agenda de paz.

O líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, disse que Guterres já tinha demonstrado “qualidades” para liderar a ONU e que através do ex-dirigente do PS “Portugal continuará a ser uma parte activa numa agenda de paz”. Montenegro elogiou a “proficiência” do esforço diplomático e registou o “espírito nacional que envolveu os órgãos de soberania, o Presidente da República, Governo, partidos e personalidades”.

Da bancada do PS, Carlos César mostrou “grande alegria” pela eleição. “É uma vitória do mérito próprio e de uma vida ao serviço das pessoas. De uma vida cívica empenhada, persistente e corajosa”, afirmou o líder da bancada socialista, lembrando que Guterres já ocupou aquele mesmo cargo no Parlamento. Uma grande “satisfação e orgulho” foi também manifestada pelo Governo, através do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. O governante enalteceu as “qualidades incontestáveis e consensuais” de Guterres aliada à sua “vastíssima experiência internacional” e sem esquecer o seu papel de “reconstrutor de pontes” em Portugal.

Pelo BE, Pedro Filipe Soares salientou a eleição como uma “vitória de um processo diplomático, limpo e transparente” que travou manobras “mesmo vindas do centro da Europa”. O bloquista defendeu a necessidade de “repor a agenda de defesa dos direitos”, uma exigência a Guterres que foi pedida por outras bancadas. Foi o caso da bancada comunista. João Oliveira apontou a defesa do direito internacional, uma acção a favor da promoção da paz, o desenvolvimento económico e social como partes integrantes de uma missão que António Guterres terá de enfrentar. E para a qual o PCP deixou “votos de sucesso”.

Heloísa Apolónia, de Os Verdes, lembrou que as funções desempenhadas como Alto Comissário para os Refugiados lhe deram “certamente bagagem para uma actuação consequente nas ONU”. À direita do hemiciclo, o líder da bancada do CDS-PP, Nuno Magalhães, considerou que a eleição é uma “vitória de António Guterres, das suas qualidades, do seu percurso, mas também da transparência na escolha”. E defendeu a necessidade de reformar a própria ONU, tornando-a “mais próxima, menos burocrática”.  

No voto de congratulação aprovado por todas as bancadas, o ex-primeiro-ministro é elogiado. “Pelas suas qualidades humanas, políticas e intelectuais, António Guterres é, sem sombra de dúvida, uma personalidade particularmente preparada para enfrentar a complexidade dos problemas do mundo actual. O texto recorda que “foram os seus méritos que se revelaram capazes de mobilizar, no país, o empenhamento dos órgãos de soberania, o esforço da diplomacia, o apoio do conjunto das forças políticas e da sociedade portuguesa, tornando a sua candidatura, uma candidatura exemplar".

Com a indicação e a posterior confirmação do Conselho de Segurança para o cargo, “há uma nação que se enche de orgulho e emoção”, lê-se no texto. 

Sugerir correcção
Comentar