Pavilhão de Oscar Niemeyer será a casa dos vinhos portugueses em São Paulo

O Vinhos de Portugal volta ao Brasil, com perto de uma centena de produtores, de 7 a 9 (Rio) e de 13 a 15 (São Paulo). A grande novidade é a mudança para o Pavilhão da Bienal no Parque de Ibirapuera.

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Pavilhão Ciccillo Matarrazzo, por Niemeyer no Parque de Ibirapuera EDILSON DANTAS/O GLOBO
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Chegado ao 11.º ano de vida, o Vinhos de Portugal no Brasil – evento organizado pelos jornais PÚBLICO, de Portugal, e O Globo e Valor Económico, do Brasil, em parceria com a ViniPortugal e curadoria da Out of Paper – traz uma novidade de peso: em São Paulo, a “casa” dos vinhos portugueses durante três dias (de 13 a 15 de Junho) será o Pavilhão Ciccillo Matarrazzo, obra do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer no Parque de Ibirapuera.

Integrado no conjunto original do parque (que inclui o Palácio das Nações, o Palácio dos Estados, o Palácio da Agricultura e o Palácio das Exposições), o Pavilhão, inicialmente chamado Palácio das Indústrias e cuja fachada de linhas rectas contrasta com o ondulante interior, foi projectado entre 1951 e 1954 para assinalar o quarto centenário da cidade.

“A grande novidade desta edição é que vamos passar para o pavilhão da Bienal de São Paulo, edifício emblemático da cidade”, destaca Simone Duarte, da Out of Paper. “E com esta mudança passamos a fazer oficialmente parte do calendário da capital paulista, tal como já acontece no Rio de Janeiro”, onde o evento se realiza entre 7 e 9 de Junho, mantendo a sua morada já habitual, o Jockey Club.

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No Rio, o Vinhos de Portugal volta ao Jockey Club dr

Será mais um ano de reencontro do público brasileiro com os 86 produtores que estarão no Rio e os 95 que irão a São Paulo. Como sempre, o Salão de Degustação, onde há oportunidade de ficar a conhecer os vinhos de todos eles, representando as diferentes regiões vitivinícolas de Portugal, terá nove sessões de duas horas cada para consumidores e ainda uma sessão por cidade para profissionais.

Quem quiser aprofundar ainda mais os conhecimentos sobre o vinho português não pode perder a actividade mais premium do evento: as 16 provas que acontecem em cada cidade ao longo dos três dias e que serão dirigidas pelo master of wine brasileiro Dirceu Vianna Junior, pelo crítico do Valor Económico Jorge Lucki, pelo crítico do PÚBLICO Manuel Carvalho, pelo crítico da revista especializada portuguesa Grandes Escolhas, Luís Lopes (apenas em São Paulo) e por Cecília Aldaz, sommelière e sócia dos restaurantes Oro (Rio, duas estrelas Michelin) e Pipo (São Paulo).

Cecília Aldaz vai falar de um tema muito importante para se entender uma das especificidades do vinho português: as vinhas velhas. “Portugal é o país das vinhas velhas. Vou explicar qual a importância das vinhas velhas e o que significa este conceito. Para alguns produtores significa que não se pode regar, a vinha tem de estar muito integrada no ambiente, ter raízes longas, enquanto para outros é só a idade cronológica. Vamos tentar falar sobre o que trazem as vinhas velhas que pode ser mais interessante do que uma vinha jovem.”

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Vinhos de Portugal no Rio, edição de 2023 Ana Branco

Outro foco das apresentações de Cecília Aldaz será o enoturismo, uma ideia que partiu das perguntas que nas edições anteriores sempre lhe fazem sobre o que é que um amante de vinho pode visitar nas várias regiões. “Será”, revela, “uma viagem por Portugal através de vinhos que representam muito os lugares. Vamos visitar os Açores, o Douro, o Alentejo…”.

Por fim, a sommelière vai apresentar duas provas harmonizadas com chefs brasileiros, uma com vinhos de Lisboa “para mostrar a diversidade que ali existe”, e outra com vinhos do Dão (esta com Manuel Carvalho), que “vai ser uma grande surpresa porque tem vinhos com muita elegância, variedades de uvas distintas, brancos, tintos”.

Dirceu Vianna Junior optou este ano por dar palco a uma nova geração de produtores. “O objectivo é mostrar a nova cara de Portugal, degustar os vinhos deles e responder à pergunta sobre se o futuro do vinho português está ou não em boas mãos.”

Claro que a pergunta já está respondida, garante o master of wine, que convidou para essa prova nomes como António Maçanita (que estará este ano pela primeira vez no evento), Tiago Alves de Sousa, João Maria Portugal Ramos e Joana Cunha, da Quinta do Morgado. “São tudo pessoas com provas dadas, mas vamos falar sobre a filosofia deles, a mudança de gerações, como vai ser o futuro, quais os desafios que eles têm.”

O master of wine irá ainda apresentar uma prova com “vinhos raros, fora da caixa, castas diferentes, alguns que foram esquecidos”, que, no fundo, resume, “é uma desculpa para provar bons vinhos”. Nas muitas visitas que faz a Portugal, Dirceu Vianna Junior vai sempre descobrindo algumas destas jóias e aprendendo coisas novas. Fará ainda uma prova de “grandes vinhos do Tejo” com a qual promete também surpreender.

Se o master of wine vai apresentar enólogos mais jovens, Jorge Lucki – que acaba de publicar a sua milésima crónica no Valor Económico – vai falar com algumas das personagens mais emblemáticas do vinho português: no Rio, o seu convidado será Pedro Baptista, enólogo do Pêra Manca (vai ser possível provar um Pêra Manca branco e um tinto) e em São Paulo, a abrir o evento, estará Luís Sottomayor, o enólogo do Barca Velha – muita atenção a este momento especial, porque acaba de ser lançado em Portugal o Barca Velha 2015, que o público brasileiro terá oportunidade de provar.

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Vinhos de Portugal no Rio de volta ao Jockey Club

Jorge Lucki irá também desvendar ao público do Rio e de São Paulo a Beira Interior, uma região que ainda é pouco conhecida dos brasileiros, mas que tem muito para revelar a quem se interessa por vinho. Incluindo até um projecto criado por brasileiros, o Barroca da Malhada.

Manuel Carvalho, especialista em vinho do Porto, apresentará duas provas dedicadas exclusivamente a este ícone português. São, diz o crítico, “duas oportunidades únicas para viajar no tempo provando grandes Porto, alguns com 40 anos, e para aprendermos a descobrir as maravilhas da diversidade do vinho do Porto, porque cada um tem o seu segredo e a sua própria identidade”.

Outro ponto de encontro que os visitantes do Vinhos de Portugal já não dispensam é o Tomar um Copo (gratuito, na área de convivência), as animadas conversas de meia hora com personalidades brasileiras, críticos e enólogos, sempre com a prova de dois vinhos que dão o mote.

O Turismo de Portugal e o Centro de Portugal planearam várias acções para estes dias: o primeiro oferece um showcooking com o chef português com uma estrela Michelin Arnaldo Azevedo, do Vila Foz, no Porto, enquanto o segundo leva até ao Brasil um totem interactivo com um quizz de enoturismo da região Centro, que garante aos vencedores um brinde da fábrica da Vista Alegre.

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Dirceu Vianna Junior, Master of wine brasileiro, numa edição anterior dos Vinhos de Portugal vera moutinho

Este ano o Vinhos de Portugal no Brasil bate o recorde no número de comissões vitivinícolas presentes: serão elas as CVR do Alentejo, Dão, Tejo, Lisboa, Península de Setúbal, Beira Interior, Vinhos Verdes, e ainda o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP.)

A CVR Tejo irá destacar o enoturismo com a Rota 118, a de Lisboa irá mostrar a mundialmente famosa onda da Nazaré e a do Alentejo desafiará os visitantes com um jogo de memória centrado no enoturismo e sustentabilidade.

O Vinhos de Portugal no Brasil tem o apoio das CVR já referidas, do Turismo de Portugal e do Turismo do Centro, da TAP Air Portugal, da AB Gotland, a participação do IVDP, o apoio institucional de São Paulo Negócios e a Cidade de São Paulo como anfitriã. O local oficial é o Jockey Club Brasileiro, os hotéis são o Fairmont Copacabana e o Canopy by Hilton em São Paulo, a água é a Prata e a rádio oficial a CBN.

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