Academia de Pinto da Costa ou centro de Villas-Boas? Os projectos vistos à lupa

Presidente do FC Porto apresentou nova academia do clube na Maia, candidato propõe complexo junto ao centro de treinos do Olival. Saiba o que separa os dois projectos, da dimensão aos custos.

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Projectos já foram apresentados aos sócios Reuters/PEDRO NUNES
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As eleições do FC Porto aproximam-se a passo rápido, faltando menos de três semanas para o dia 27 de Abril, data para o acto eleitoral que se projecta o mais concorrido nos 130 anos de história do clube. A necessidade de uma nova infra-estrutura para os “dragões” é um dos pontos de união entre Pinto da Costa e André Villas-Boas, adversários na corrida às eleições portistas.

Pinto da Costa apresentou, na qualidade de presidente do FC Porto, a nova academia do clube na Maia, confirmando o cumprimento de uma promessa que não está dependente das eleições – tendo o clube já assinado contratos para salvaguardar o arranque da construção sob uma nova direcção.

Do lado do ex-treinador, a vontade de um Centro de Alto Rendimento (CAR) no Olival não passa, para já, de uma vontade – sendo primordial uma vitória eleitoral para que o projecto se concretize. Parece estar, até, de "mãos atadas" no que a este tema diz respeito, se os contratos já assinados pela direcção do FC Porto estiverem blindados com cláusulas fortes.

Complexo da academia apresentada por Pinto da Costa contará com uma dezena de relvados DR
Projecto da Academia do FC Porto apresentada por Pinto da Costa DR
Apresentação realizou-se no Estádio do Dragão José Coelho/Lusa
Academia era promessa de Pinto da Costa para o quadriénio 2020-24 José Coelho/Lusa
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Complexo da academia apresentada por Pinto da Costa contará com uma dezena de relvados DR

Convém também perceber a utilização que cada um quer dar ao respectivo complexo. A academia do FC Porto na Maia concentrará as camadas jovens e pode receber também jogos da II Liga, com o plantel principal a manter-se no actual centro de treinos do Olival. Já o CAR de André Villas-Boas servirá para concentrar as equipas profissionais do clube (seniores, equipa B, sub-19 e futuras equipas femininas), transferindo para o actual centro de treinos as camadas jovens.

Maia com dobro dos campos

O elemento diferenciador mais notório "a olho nu" prende-se com a dimensão. A academia apresentada por Pinto da Costa incorporará dez relvados com medidas oficiais e iluminação, o dobro dos propostos para o CAR no Olival. Além disso, o complexo na Maia contará também com um miniestádio com capacidade para 2000 pessoas, bem como 72 quartos duplos para os jovens dos diferentes escalões. As residências contam ainda com áreas de estudo e outros espaços comuns.

Além dos cinco relvados já referidos – um dos quais contará com uma bancada com 2000 lugares –, o CAR proposto por André Villas-Boas terá um pavilhão destinado às modalidades, com o projecto a apontar a existência de 48 quartos à disposição da estrutura das equipas profissionais. A lista do ex-treinador focou a existência de todas as condições para o acolhimento da equipa principal e restantes escalões profissionais.

Projecto para Centro de Alto Rendimento apresentado por André Villas-Boas DR
Vista de bancada de um dos relvados DR
Complexo contará com pavilhão para as modalidades DR
Construção custa entre 30 e 35 milhões de euros DR
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Projecto para Centro de Alto Rendimento apresentado por André Villas-Boas DR

FC Porto aguarda hasta pública

Os terrenos são outra das diferenças à partida para a construção. No momento em que este texto é escrito, o FC Porto não detém qualquer parcela de terreno para a academia da Maia, mas é praticamente certo que, ainda no final de Abril, os 23 hectares de área total estejam já do lado dos “dragões”.

A autarquia da Maia colocará em hasta pública 14 hectares, com o FC Porto a ter já acautelada a compra dos restantes nove hectares à construtora Alexandre Barbosa Borges (ABB), detentora dos terrenos adjacentes, caso os terrenos do município sejam assegurados. Não é expectável que os portistas sejam superados na hasta pública, visto que os terrenos se destinam à construção de um complexo desportivo. O valor-base dos lotes em hasta pública é de 3,36 milhões de euros (23 euros o metro quadrado), não sendo ainda conhecido o valor a pagar à ABB pelos restantes lotes.

Do lado de Villas-Boas, o terreno para o CAR no Olival é já garantido. O ex-treinador assinou um contrato-promessa de compra e venda por 3,85 milhões de euros, adiantando que, no cenário de derrota eleitoral, estará disposto a colocar este terreno – que pertencia à família Amorim – à disposição do FC Porto. O novo CAR situar-se-á a cerca de 500 metros do actual centro de treinos portista em Vila Nova de Gaia, com André Villas-Boas a defender a proximidade geográfica entre camadas jovens e equipa principal.

No total, o terreno em causa tem 190 mil metros quadrados e apresenta uma classificação variada no Plano Director Municipal de Vila Nova de Gaia, incluindo uma estrutura ecológica fundamental. A área de construção será, por isso, mais reduzida nesta primeira fase.

Olival mais “em conta” — mas sem financiamento

Olhemos agora para as contas apresentadas aos sócios portistas. Segundo a lista de André Villas-Boas, estima-se que a construção do CAR custe entre 30 e 35 milhões de euros, mas, conforme admitiu o candidato a administrador financeiro, José Pereira da Costa, não foi ainda definida uma fonte de financiamento para o complexo.

No caso da direcção do FC Porto, o número avançado para a construção do espaço na Maia ronda os 40 milhões de euros, sendo certo que a academia abrangerá uma área mais alargada e contará com mais infra-estruturas. Em trabalhos de terraplenagem, necessários para o início da construção, o FC Porto já se comprometeu a pagar 6,8 milhões de euros à ABB.

Para quando?

Depois de conhecidas as especificidades e custos, é altura de olharmos para prazos. Neste ponto, apenas são conhecidas as previsões para o CAR de André Villas-Boas, visto não ter sido apresentada numa primeira fase as datas-chave para o projecto da academia na Maia. O candidato conta ter o complexo completamente funcional em Dezembro de 2026.

O que dizem do outro?

Sendo a academia na Maia um projecto apresentado pelo presidente do FC Porto e com contratos já assinados, André Villas-Boas admite que, se vencer as eleições, irá analisar o projecto do dirigente " de forma rigorosa e criteriosa", prometendo salvaguardar os melhores interesses do clube.

Pinto da Costa mostra uma postura mais incisiva. Classificando o plano de Villas-Boas como a compra de "canteiros do lado de lá do rio", o histórico dirigente não comentou ainda publicamente a oferta do ex-treinador de colocar à disposição do FC Porto o contrato-promessa assinado a título próprio.

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