Primeiro paciente que recebeu transplante de rim de porco já está em casa

O norte-americano de 62 anos que recebeu um rim de um porco geneticamente modificado há duas semanas. Duas semanas depois sentia-se bem e teve alta hospitalar.

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Abraço entre o paciente Richard Slayman e a responsável da associação de doentes que o acompanhou, Susan Klein Michelle Rose/Hospital Geral do Massachusetts
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Aos 62 anos, Richard Slayman está de regresso a casa. O norte-americano tornou-se o primeiro ser humano a receber um novo rim de um porco geneticamente modificado, a 16 de Março – um transplante pioneiro e arriscado. Mas, duas semanas depois, teve alta hospitalar, como conta o jornal The New York Times.

O paciente norte-americano tinha uma doença renal e estava em fase terminal, quando surgiu a oportunidade de fazer este transplante no Hospital Geral do Massachusetts, em Boston (Estados Unidos). Os resultados do transplante são encorajadores numa área que tem avançado com maior rapidez na última década.

“Este procedimento bem-sucedido num receptor vivo é um marco histórico no campo emergente da xenotransplantação – o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra – como uma potencial solução para a escassez mundial de órgãos”, escrevia o Hospital Geral do Massachusetts em comunicado, no anúncio do sucesso da operação.

Não deixava de ser um transplante arriscado. Richard Slayman tinha recebido em Dezembro de 2018 um transplante de rim de um dador humano falecido, mas cinco anos depois esse rim começou a dar sinais de insuficiência. É aí que entra a opção do rim de porco, geneticamente modificado através da tecnologia de edição de genomas CRISPR-Cas9, para remover os genes suínos prejudiciais à saúde e acrescentar genes humanos que aumentassem a sua compatibilidade com o paciente.

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Richard Slayman no dia da alta hospitalar Michelle Rose/Hospital Geral do Massachusetts

As últimas duas tentativas de transplantes com estes órgãos de porco geneticamente modificados não tinham tido um tremendo sucesso. Ambas as tentativas tinham sido com transplante de coração e resultaram na morte dos pacientes nas semanas seguintes – ambos tinham doenças terminais.

“Este momento – deixar o hospital hoje com um dos atestados de saúde mais limpos que tive em muito tempo – é algo que desejei durante muitos anos”, disse Richard Slayman, no comunicado do Hospital Geral de Massachusetts desta quarta-feira, aquando da alta hospitalar. “Agora é uma realidade e é um dos momentos mais felizes da minha vida.”

O norte-americano afirmou, nesse comunicado, que se sentia bem e que estava a melhorar progressivamente.

“Quero agradecer a todos que viram minha história e enviaram votos de felicidades, principalmente aos pacientes que aguardam um transplante de rim”, acrescentou Richard Slayman. “Hoje é um novo começo não só para mim, mas para todos eles.”

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