Minimalismo regressou em força na Semana da Moda de Milão: eis cinco destaques

De 20 a 26 de Fevereiro, a capital italiana da moda recebeu mais de 100 apresentações e desfiles. As escolhas do PÚBLICO.

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Naomi Campbell para a Dolce&Gabbana Reuters/CLAUDIA GRECO
Prada
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O desfile da Prada foi um dos destaques da Semana da Moda de Milão Reuters/ALESSANDRO GAROFALO
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Prada EPA/DANIEL DAL ZENNARO
Miuccia Prada
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Miuccia Prada e Raf Simmons Reuters/ALESSANDRO GAROFALO
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Giorgio Armani EPA/DANIEL DAL ZENNARO
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O criador Giorgio Armani, aos 89 anos EPA/DANIEL DAL ZENNARO
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Dolce&Gabbana EPA/Daniel Dal Zennaro
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Domenico Dolce e Stefano Gabbana,Domenico Dolce e Stefano Gabbana EPA/Daniel Dal Zennaro,EPA/Daniel Dal Zennaro
doce
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Sabato De Sarno
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Sabato De Sarno
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Irina Shayk
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Alexei Navalny
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Expo 2030
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Alexei Navalny
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Moschino Reuters/CLAUDIA GRECO
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Moschino Reuters/CLAUDIA GRECO

Será o fim das silhuetas exageradas e dos grandes volumes? Não há certeza, mas a Semana da Moda de Milão trouxe uma nova perspectiva para o próximo Outono/Inverno. Nas colecções de nomes como Bottega Veneta, Dolce&Gabbana, Fendi, Ferragamo, Giorgio Armani, Gucci, Moschino, Prada, Tom Ford ou Versace, o minimalismo ganhou novo fulgor, com silhuetas esguias e uma aposta renovada nos materiais. De 20 a 26 de Fevereiro, foram mais 100 desfiles e apresentações. Eis os cinco destaques eleitos pelo PÚBLICO.

Prada: uma ode ao passado

Não é novidade para as casas de moda voltar aos arquivos e refazer o que já foi feito. Era um risco que corriam os directores criativos Miuccia Prada e Raf Simons quando anunciaram a proposta da Prada para o próximo Inverno como uma ode ao passado, intitulada Instinctive Romance. Ainda assim, surpreenderam numa colecção de contrastes de cortes e texturas, mantendo a feminilidade.

Para abrir o desfile, elegeram um vestido preto, mas rapidamente se descolaram do possível aborrecido com saias em lã assimétricas, a revelar uma camada de seda por baixo ou por trás.

As saias finas foram combinadas com malhas justas e casacos estilo bomber, a evocar uma silhueta dos anos 1950. “Esforçámo-nos por criar algo belo e não podemos falar de beleza sem olhar para o passado”, escreveu Simons no descritivo da colecção. “Neste momento complicado, é essencial conhecer a nossa história, saber quem somos.”

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ALESSANDRO GAROFALO/Reuters
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Prada ALESSANDRO GAROFALO/Reuters

Em contraste com o minimalismo das peças inspiradas em alfaiataria em cores austeras e silhuetas esguias, não faltou o romantismo do tema da proposta, em cores suaves, como o creme e rosa. Além do padrão floral, destacaram-se os laços aplicados em vestidos, saias e até cintos — uma das grandes tendências para este ano. “Analisamos a ideia de romance, que talvez ainda seja considerada um tabu, especialmente na moda”, explicou Miuccia Prada.

Nos acessórios, Miuccia e Raf inovaram ao suspender as icónicas carteiras da marca (incluindo as nylon) em correias no pulso das manequins. Estiveram também omnipresentes os chapéus a evocar um estilo militar, assim como os óculos de sol.

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Colecção da Fendi DR

Fendi: um protesto na passerelle

Tal como a Prada, também a Fendi regressa ao passado no próximo Outono/Inverno, mas com uma inspiração clara no trabalho de Karl Lagerfeld, que esteve na casa de moda de Roma (além da Chanel) até à sua morte, em 2019. O director criativo Kim Jones recuperou alguns desses desenhos de 1984 e trouxe-os para a actualidade, com um toque londrino.

Até porque Jones (também director criativo da linha masculina da Dior) é britânico e confessou, citado pelo The Guardian, que aquela estética de Lagerfeld o fez lembrar Londres daquela época, numa mistura entre o vestuário de trabalho e um estilo aristocrático. “Foi uma altura em que as subculturas e os estilos britânicos se tornaram globais e absorveram influências mundiais. No entanto, a elegância britânica continua a ser fácil e não se importa com o que os outros pensam, algo que se enquadra no estilo romano”, declarou.

Com uma ligação à estação passada, em que se baseou nas estátuas romanas (presentes em alguns estampados), tornou mais descontraídas as silhuetas de algumas peças, com destaque para os casacos estilo bomber ou os bodies que foram deixados por fechar, mas manteve a inspiração de alfaiataria que é seu apanágio.

Para desconstruir as peças mais formais, como vestidos ou sobretudos clássicos, apostou em acessórios — uma responsabilidade de Silvia Venturini Fendi —, como os óculos de sol opacos ou os colares e brincos de design robusto. Não faltaram as clássicas carteiras Baguette, que ganharam um toque de humor com chupa-chupas pendurados.

Correu tudo de feição até uma manifestante invadir a passerelle, a segurar um sinal onde se lia “os animais não são roupa”. Nas suas costas, escrito a preto, pedia para que se “virassem as costas à pele animal”. O protesto deve-se ao facto de a Fendi ser uma das poucas casas de moda que ainda não aboliu o uso de pêlo animal.

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Sabato de Sarno CLAUDIA GRECO/Reuters

Gucci: Sabato de Sarno perante a incerteza

A pressão em Sabato De Sarno mantém-se alta, enquanto a Gucci continua a ser motivo de preocupação na Kering — depois de uma perda de lucros em 2023. À medida que chegam à loja as primeiras peças com a assinatura do director criativo, há um ano no leme da casa de Florença, as expectativas continuavam ao rubro para o desvendar da segunda colecção em Milão.

De Sarno não chocou com a abordagem escolhida, continuando uma linha estética discreta e sensual, que tinha iniciado na última estação. O primeiro coordenado a pisar a passerelle na sexta-feira — normalmente o visual que abre o desfile e o último resumem a colecção — mostrou o rigor na execução de um casaco, apertado com um cinto em pele e combinado com uns minicalções.

O toque de alfaiataria já tinha sido um dos destaques da primeira colecção de Sabato de Sarno e, desta vez, os casacos foram novamente aposta, não só com corte clássico, mas também adornados ou plumas — mantendo a discrição, sem exageros. “A Gucci é grande e fizeram muito antes de mim, coisas muito importantes nos últimos 20 anos com Tom Ford, Frida Giannini, Alessandra Facchinetti, Alessandro [Michele]. Agora é a minha vez. Sou mais simples, talvez sim, mas qual é o mal em se ser simples?”, declarou o criador, citado pela revista Women’s Wear Daily.

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Gucci CLAUDIA GRECO/Reuters

Com Sabato De Sarno, a Gucci parece estar a entrar definitivamente numa nova era, longe do maximalismo de Michele e mais próxima da tendência do luxo discreto. Há, contudo, apostas mais arrojadas como os minicalções que o criador tinha trazido na estação passada ou os mocassins com sola e salto exagerados. Nos acessórios, apesar de um foco claro na Jackie, traz novas carteiras mais pequenas em formato de meia-lua — virando-se para os artigos em couro, que estiveram na origem da casa.

A Kering ainda não divulga como têm corrido as primeiras vendas da colecção de Sabato De Sarno, mas é conhecido que a marca-estrela é responsável por metade das vendas do conglomerado de luxo francês. “Os primeiros sinais são muito encorajadores”, desvendou Francesca Bellettini, vice-presidente da Kering, no início deste mês à Reuters.

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Adrian Appiolaza CLAUDIA GRECO/Reuters

Moschino: a estreia de Adrian Appiolaza

A revista Vogue italiana chama-lhe o “redescobrir da alma de Franco Moschino”. Acabou a era estridente e maximalista de Jeremy Scott e chegou oficialmente Adrian Appiolaza à Moschino, com a estreia na passerelle de Milão. O novo director criativo teve pouco mais de um mês para preparar a colecção e decidiu homenagear o fundador da marca, que morreu em 1994.

A homenagem não é uma surpresa e o criador argentino já tinha levantado o véu sobre essa possibilidade em Janeiro, quando foi anunciado como sucessor na direcção criativa — o seu antecessor Davide Renne morreu depois de dez dias no cargo. “Ter acesso hoje a estas memórias [de Franco Moschino]; percorrer estes corredores repletos de histórias à espera de serem ouvidas; tocar em roupas que só tinha visto em revistas é inestimável e servirá de bússola na viagem que acabo de iniciar”, declarava.

Mantém-se a estética gráfica de Moschino com grandes logos e mensagens impressas na roupa, mas dá-se também primazia a peças que respondem ao guarda-roupa do quotidiano dos clientes, como a gabardina que abriu o desfile ou as peças em malha. Mas como a moda não é apenas vestir roupa apenas por vestir, alguns dos coordenados passavam uma mensagem — literalmente, tinham escrito palavras como “amor” e “paz” em letras garrafais.

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Moschino CLAUDIA GRECO/Reuters

Dos arquivos, o argentino trouxe também alguns dos símbolos de Franco Moschino, como o estampado de bolinhas, os pontos de interrogação, a bandeira italiana ou o smile, utilizado em acessórios e camisolas. As folhas de jornal tornaram-se origamis em forma de barco, que os manequins utilizaram como chapéus. Appiolaza brincou, ainda, com a percepção dos expectadores, com várias peças em trompe l'oeil, como a baguete que era, afinal, uma mala ou a lingerie a espreitar por cima das calças — tratando-se apenas de um estampado.

Ainda a definir qual será a sua assinatura na Moschino, Adrian Appiolaza deu provas de que parece estar à altura do cargo, trazendo o humor que caracteriza a etiqueta, mas revestindo-a de uma nova praticidade, fundamental num tempo em que a moda tem de vender para se manter relevante.

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Domenico Dolce e Stefano Gabbana Claudia Greco/Reuters

Dolce & Gabbana: o smoking também é feminino

O smoking pode ter sido criado como um clássico do guarda-roupa masculino, mas não é só para homens. Foi essa a premissa da colecção da Dolce&Gabbana, que se propôs a reinventar o conceito do fato preto para o próximo Outono/Inverno, intitulando a proposta de Tuxedo.

“A sua elegância linear e a sua simplicidade sofisticada realçam a feminilidade. Uma mulher de smoking fascina pela sua elegância, pela sua ambiguidade. E para nós só o estilo nos permite ir além da moda: quanto mais simples e clássica é uma peça de roupa, como o smoking, mais eterna ela é”, frisaram os criadores Domenico Dolce e Stefano Gabbana, numa entrevista à edição italiana da Vogue.

Mas os clássicos podem ser melhorados, mantendo “as linhas simples e rigorosas”, tornando-os simultaneamente mais femininos. E conseguiram-no num jogo de sensualidade, não só alterando a silhueta, com calças cigarette ou casacos mais curtos, mas também com lingerie à espreita ou vestidos de renda bordados. “Há um encontro entre contrastes: masculino e feminino, austeridade e sedução”, resumem.

Numa colecção onde o preto dominou, as texturas assumiram uma importância redobrada e, além da renda, a dupla trouxe veludos, acetinados e lantejoulas. “O preto é o diferencial, adoramos porque afirma, desenha, estiliza. Tudo fica mais simples, linear, indumentário: uma mulher de vestido preto é um traço a lápis, uma linha pura. E representa o mistério”, notam os criadores.

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CLAUDIA GRECO/Reuters

Nos poucos estampados, não faltou o clássico padrão leopardo, apanágio da Dolce&Gabbana, ou as bolinhas douradas utilizadas em vestidos de chiffon, que contrastaram com a rigidez da alfaiataria. Entre as modelos na passerelle, Naomi Campbell não passou despercebida com um véu de rede a cobrir-lhe o rosto.

A Semana da Moda de Milão termina oficialmente nesta segunda-feira. Simultaneamente, arrancam os desfiles em Paris, onde se esperam apresentações de nomes como Balmain, Chanel, Dior, Hermès​, Loewe, ou Saint Laurent.

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