Sondagens antecipam maioria cada vez menos absoluta para o PP na Galiza

Bloco Nacionalista Galego à beira de resultado histórico, enquanto Feijóo arrisca a sua liderança na região que governou durante 13 anos.

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Ana Pónton quer ser a primeira mulher a presidir à Xunta Adriano Miranda
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A maioria das sondagens divulgadas a uma semana das eleições autonómicas na Galiza indicam que o Partido Popular vai manter a maioria absoluta, mas com uma margem curta, longe do triunfo previsto pela formação de Alberto Núñez Feijóo, ex-presidente da Xunta, quando decidiu antecipar o voto a pensar no impulso que o resultado traria, a caminho da campanha para as europeias. Em sentido contrário, mas ainda mais acelerado, segue o Bloco Nacionalista Galego e a sua líder, Ana Pónton, de longe a candidata que mais eleitores aprovam.

Quase todas as sondagens atribuem ao PP 38 ou 39 lugares – são precisos 38 para a maioria absoluta –, como acontece com a da Sondaxe para o jornal La Voz de Galicia, onde soma 46% e elege 39 deputados. O melhor cenário é o que prevê o estudo realizado pelo instituto Sigma 2 para o jornal El Mundo; no outro extremo, a sondagem da 40 dB para o diário El País e para a rádio Cadena Ser indica uma queda de dois pontos nas intenções de voto (face a Janeiro), que estão agora nos 45,2%, o que coloca o partido entre os 36 e os 40 lugares e leva o jornal a considerar que “a maioria do PP está em perigo”.

Há um mês, de acordo com a mesma sondagem da 40 dB, os conservadores estavam com 47,5% e prometiam repetir o resultado de 2020, quando Feijóo confirmou pela terceira vez a sua maioria absoluta, reforçando-a até, e conquistou 42 lugares dos 75 do parlamento regional. Mas em Janeiro a campanha ainda não tinha realmente arrancado nem se tinha realizado o único debate entre os candidatos, que a 5 de Fevereiro juntou Alfonso Rueda, do PP; o socialista José Ramón Gómez Besteiro; Marta Lois, do Sumar; Isabel Faraldo, pelo Podemos, e a nacionalista Pónton.

Independentemente da sondagem que se escolha, e com a polémica sobre a amnistia aos independentistas catalães, que Feijóo admitiu ter ponderado, o presidente dos conservadores e da oposição em Espanha não está onde pensou que estaria a sete dias das eleições. “Um fiasco comprometeria seriamente a liderança nacional do político galego, que abandonou a Xunta há apenas dois anos, depois de 13 no poder”, escreve o El País. “Essa hipótese deixou de ser inverosímil. E em boa medida isso deve-se ao imponente crescimento dos nacionalistas.”

De acordo com o estudo publicado pelo jornal, o BNG subiu mais de cinco pontos percentuais num mês e está agora com 30% de intenções de voto, mais do que conseguiu em 2020 e já um acima do resultado extraordinário de 1997, quando o histórico do nacionalismo galego Xosé Manuel Beiras alcançou os 25%.

Com estes votos, o partido de Pónton elegeria 22 a 25 deputados, mais do que os 19 de 2020 e mais do que suficientes para que seja ela a liderar qualquer possível alternativa ao PP. E se há quatro anos o BNG já tinha ultrapassado o Partido Socialista da Galiza, que teve menos de 20% e elegeu 14 deputados, desta vez ameaça contribuir para que os socialistas registem o pior resultado de sempre, abaixo dos 16% (obtiveram 19,4% em 2020) e perdendo um a quatro lugares.

Um dos que mais tem feito para contrariar essa tendência é o antigo primeiro-ministro socialista José Luis Rodriguez Zapatero que desde terça-feira tem participado em várias acções de campanha, apelando à “remontada”. “Temos de trabalhar para a remontada e para a surpresa política. Só o PSOE o sabe fazer, só o PSOE o pode fazer e é o PSOE e Besteiro que o vão fazer”, afirmou.

Coligação de esquerda

A subida do BNG explica-se, em parte, com a queda dos restantes partidos de esquerda, já que a formação pode atrair quase um em cada quatro dos eleitores que apoiaram o PS e metade dos que votaram no Unidas Podemos (hoje dividido entre Sumar e Podemos), analisa o El País. Mas Pónton conquista também mais de 10% dos galegos que se abstiveram nas últimas eleições autonómicas.

Segundo os dados do mesmo estudo, apesar de Rueda continuar a ser o preferido para presidir à Galiza, com 33,2% dos inquiridos, Pónton soma 30,4% das preferências. Já quando se pergunta aos eleitores se aprovam ou não os candidatos, 48% responde que aprova a líder nacionalista (21% dos eleitores do PP tem uma opinião “boa” ou “muito boa” da dirigente), mas só 38% diz o mesmo do sucessor de Feijóo.

Outro dado sublinhado pelo El País são os 46,5% dos inquiridos que dizem preferir um governo de coligação entre partidos de esquerda, quando há 29% a dizer que prefere ter apenas o PP no poder e só 7,5% a responder que gostariam de ver um governo que juntasse os conservadores ao Vox. A maioria das sondagens indica que partido da direita radical não vai chegar aos 5% que são o mínimo para entrar no Parlamento, uma barreira que nem o Podemos nem o Sumar deverão superar.

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