Corredor de hidrogénio português integra lista de projectos prioritários da UE

Há dois projectos da REN para rede de gasodutos para hidrogénio que estão oficialmente na lista de Projectos de Interesse Comum (PIC).

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Os planos conjuntos de Portugal, Espanha e França para o hidrogénio foram anunciados em Outubro de 2022, com a presidente da Comissão Europeia EPA/KAI FORSTERLING
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O Ministério do Ambiente e da Acção Climática (MAAC) anunciou esta terça-feira que há dois projectos portugueses de hidrogénio na nova lista europeia de Projectos de Interesse Comum (PIC), projectos considerados estruturantes para desenvolver o mercado interno da energia e garantir a segurança do abastecimento.

O H2Med/CelZa e o Portuguese Hydrogen Backbone estão ambos na lista de PIC, o que, diz o MAAC, “comprova a relevância estratégia destas infra-estruturas para os objectivos e metas da União Europeia” em termos de descarbonização e permite-lhes ser “elegíveis para se candidatarem a financiamento europeu” através do Mecanismo Interligar a Europa, “que poderá apoiar até 75% dos custos elegíveis”, embora não haja qualquer garantia de que o financiamento seja atribuído.

Esta lista de PCI, que inclui também projectos considerados de interesse mútuo, agrega 166 projectos que, segundo a avaliação da Comissão Europeia, ajudarão a cumprir a estratégia de descarbonização dos próximos anos. Incluem projectos de interligações eléctricas, redes eléctricas inteligentes e armazenamento e hidrogénio, entre outros. O Parlamento Europeu e o Conselho têm agora dois meses para decidir se aceitam ou rejeitam a lista proposta pela Comissão Europeia (não há possibilidade de fazer emendas).

O H2Med/CelZa, submetido pela REN-Gasodutos (empresa da REN), representa um investimento de 204 milhões de euros e prevê a construção de 242 km de condutas, dos quais 162 km em Portugal.

Trata-se de um projecto que teve na génese a proposta de construção de uma terceira interligação de gás natural entre Portugal e Espanha, com travessia entre Celorico da Beira e Zamora, cujo percurso original chumbou na avaliação ambiental.

“Esta infra-estrutura será complementada por outros projectos, nomeadamente pela interligação H2Med/BarMar (Espanha-França)”, acrescenta o ministério liderado por Duarte Cordeiros. Será ainda complementada com “infra-estruturas que ligarão as redes de hidrogénio francesas e alemãs”, possibilitando a criação de “um dos principais corredores de hidrogénio verde através do Mediterrâneo”.

O projecto corresponde ao anúncio que fizeram, em Outubro de 2022, os presidentes da França e dos governos de Espanha e Portugal, Emmanuel Macron, Pedro Sánchez e António Costa, respectivamente.

“Os três líderes concordaram na criação de uma interligação de hidrogénio entre Portugal e Espanha, ligando Celorico da Beira (Portugal) a Zamora (Espanha), e no desenvolvimento de uma conduta marítima que ligue Barcelona (Espanha) a Marselha (França), como a opção mais directa e eficiente” para ligar a Península Ibérica ao centro da Europa.

“Até 2030, a capacidade de transporte estimada do H2Med é de 2 milhões de toneladas de hidrogénio por ano, representando 10% do consumo de hidrogénio da Europa”, refere o MAAC, detalhando que, entre Portugal e Espanha, a capacidade de transporte esperada é de 750 mil toneladas/ano.

Preparação da rede em Portugal

A REN também submeteu a candidatura do projecto Portuguese Hydrogen Backbone, que vai aumentar e adaptar a rede de gás em Portugal para os gases renováveis e representa um investimento de cerca de 210 milhões de euros.

Estes investimentos criam “importantes condições para a produção e integração de hidrogénio verde, tanto na região centro do interior de Portugal como na região da Figueira da Foz, possibilitando a criação de novas cadeias de valor em Portugal e a ligação ao Corredor de Energia Verde europeu”, diz o Governo.

Será um “facilitador do H2Med/CelZa e representa a primeira fase na criação de uma infra-estrutura nacional de H2 mais ampla”. Dele faz parte uma “nova infra-estrutura de transporte de hidrogénio Figueira da Foz-Cantanhede com cerca de 50 quilómteros, e três gasodutos de hidrogénio adaptados: Cantanhede-Mangualde (68 km de tronco principal mais 8 km de linha secundária); Mangualde-Celorico da Beira (48 km de tronco principal); e Celorico da Beira-Monforte (213 km de tronco principal mais 4 km de linha secundária)”.

Todos estes projectos estão alinhados com os objectivos previstos na nova versão do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030, que só será aprovado em 2024), em que Portugal mais do que duplica a capacidade prevista de electrolisadores até 2030, passando de 2,5 gigawatts (GW) para 5,5 GW.

O hidrogénio tem “um papel crucial na estratégia energética e climática de Portugal, desempenhando uma função determinante na reindustrialização do país, na criação de emprego e na concretização das metas nacionais e europeias de descarbonização”.

Na nova lista de projectos prioritários europeus inclui-se também, no âmbito da electricidade, a terceira interligação do Minho entre Portugal e Espanha, bem como entre França e Espanha (o cabo pelo golfo da Biscaia), infra-estruturas consideradas críticas para reforçar a integração entre os sistemas eléctricos da Península Ibérica e do centro da Europa.

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