CGD recebe 50 pedidos por dia para fixar prestação da casa e já renegociou 40 mil créditos

Maioria das 40 mil renegociações já feitas dizem respeito à redução de spreads. A estas, acrescem as dezenas de pedidos que o banco está a receber, todos os dias, para fixar prestações.

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Paulo Macedo, presidente da CGD, durante a apresentação de resultados trimestrais do banco público LUSA/MIGUEL A. LOPES
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) renegociou, desde o início deste ano e até ao final de Outubro, cerca de 40 mil empréstimos em carteira, entre redução do spread, alteração das taxas associadas ao crédito e outras modalidades de renegociação. Para lá destes, tem recebido cerca de 50 pedidos por dia para fixar a prestação do crédito à habitação por dois anos.

Os números foram avançados, nesta sexta-feira, pelo banco público, durante a apresentação de resultados relativos ao terceiro trimestre. Ao todo, refere o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foram reestruturadas "mais de 40 mil operações de crédito até Outubro de 2023, incluindo a renegociação proactiva de 20 mil operações com redução de spread e 12 mil alterações contratuais de taxa variável para taxa fixa".

Dentro destes 40 mil, foram, ainda, renegociados cerca de 4600 créditos ao abrigo de medidas legislativas, dois quais 1200 dizem respeito ao decreto-lei 80-A/2022 (diploma governamental que visa facilitar a renegociação de créditos por parte de famílias cuja taxa de esforço supere os 36% do rendimento) e 3400 créditos beneficiaram da bonificação dos juros do crédito à habitação por parte do Estado.

Por fim, em cerca de 2600 empréstimos, contraídos por "famílias de menores rendimentos", a Caixa implementou um apoio extraordinário, reduzindo o spread do crédito à habitação em 0,5 pontos percentuais.

A estas renegociações, somam-se os pedidos dos clientes para fixar a prestação do crédito à habitação, uma possibilidade a que as famílias podem recorrer desde o passado dia 2 de Novembro e que lhes permite fixar a prestação do crédito num valor mais baixo do que aquele que resultaria da aplicação normal das taxas Euribor, por um período de dois anos.

Até agora, a Caixa está a receber cerca de 50 pedidos por dia para aceder a esta medida, não esclarecendo quantos já terão sido aprovados.

O número significativo de renegociações de créditos está, por sua vez, a levar a um aumento dos créditos que passaram para o segundo estádio (ou "stage 2", na designação utilizada na banca) da classificação de risco, ou seja, a classificação que é atribuída aos contratos cujo risco de crédito aumentou significativamente desde o início da contratação, mas para os quais ainda não existe evidência de que venha a existir uma perda associada.

No final de Setembro, 8% da carteira de crédito da Caixa estava incluída nesse nível, um aumento de 0,72 pontos percentuais (considerando apenas a actividade em Portugal). Este aumento, explicou o presidente da Caixa durante a apresentação de resultados, fica a dever-se às renegociações de créditos, uma vez que os clientes que se candidataram a essas renegociações foram, automaticamente, colocados em stage 2.

Mesmo assim, Paulo Macedo sublinha a qualidade da carteira de crédito e, apesar de admitir que "o cenário recomenda prudência", não vê motivos de preocupação no que diz respeito ao incumprimento.

"Embora haja bastantes famílias em dificuldades, vale a pena ver os números do Banco de Portugal. Há uma continuação da redução do endividamento dos particulares muito clara nos últimos dois anos", disse, detalhando que, na Caixa, apenas cerca de 0,9% das famílias com crédito à habitação são consideradas como estando "em dificuldades".

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