PSD pede eleições antecipadas e Montenegro posiciona-se para ser primeiro-ministro

Bloco, Chega e IL também querem novas legislativas e Livre admite que beneficiaria se o país fosse a votos brevemente. Já o PAN não toma uma posição clara e o PCP está contra.

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Os problemas do país não são uma “fatalidade”, disse Luís Montenegro LUSA/MIGUEL A. LOPES
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O líder do PSD, Luís Montenegro, defendeu a marcação de eleições antecipadas e disse que o PSD quer “conquistar uma nova maioria e formar novo governo”. No discurso em reacção à demissão de António Costa, Montenegro adoptou um tom eleitoral, notando que os problemas do país não são uma “fatalidade” e que chegou a hora de “penalizar” o PS — que cede “muito rapidamente a esquemas de compadrio político” e insiste em trazer um “pântano para a democracia portuguesa”.

“Como disse muitas vezes, se o Governo não mudar, o país vai querer mudar de governo. Estaremos à altura da exigência desse momento. Estamos aqui para ouvir o povo português falar, para falar com o povo português, conquistar uma nova maioria e formar novo governo”. Foi assim, posicionando-se para ser primeiro-ministro, que Montenegro terminou o mais aguardado discurso dos líderes partidários.

“Portugal não pode ser isto: tolerar ou permitir que importantes decisões de investimento possam ser tomadas por qualquer outro critério que não seja o do interesse público”, disse. A “manipulação”, como a “mentira”, têm sempre um prazo de validade”, acrescentou.

A seu ver, “a legitimidade do PS ruiu dentro de si própria” — e foi isso que levou a que o Governo caísse "por si”. Após quase seis horas de espera, Montenegro escolheu falar ao país quando começavam os telejornais, adoptando um tom eleitoral e notando que o conjunto de problemas que o país enfrenta não é uma “fatalidade”.

Logo depois de pedir eleições legislativas antecipadas — para “recuperar a credibilidade e dignidade institucional que se perderam e desbarataram” —, o líder do PSD dirigiu-se aos portugueses, dizendo-lhes que “não é uma fatalidade sermos um país pobre, com urgências encerradas, falta de meios e jovens a emigrar”.

“Não é uma fatalidade haver corrupção administrativa e política. Não é uma fatalidade termos impostos asfixiantes sobre tudo o que mexe na sociedade. Não é uma fatalidade, é uma escolha”, acrescentou. “Os últimos 25 anos foram duros para quase todos. Temos de ser nós a fazer a diferença”, terminou.

PCP é o único partido que rejeita eleições antecipadas

Após António Costa se demitir da função de primeiro-ministro, o PCP foi o único partido a rejeitar um cenário de eleições antecipadas. Chega, IL e Bloco de Esquerda querem que o país vá a votos e o Livre admite que seria beneficiado se tal acontecesse. PAN não toma uma posição clara e diz que quer saber quais são as outras opções.

Perante a hipótese de serem convocadas eleições antecipadas, o líder do PCP, Paulo Raimundo, lembrou não ser " obrigatório” que à demissão de Costa “suceda a dissolução da Assembleia da República”. "O país precisava não de eleições, mas sim de soluções", disse, assegurando, contudo, que se tal acontecer, “o PCP está pronto”.

Opinião contrária têm o Chega e a IL, que pediram eleições o mais cedo possível. E também o Bloco de Esquerda, que defende que, "em democracia, crises políticas desta natureza resolvem-se com a convocação de eleições", disse a coordenadora do partido, Mariana Mortágua.

Já o deputado único do Livre, Rui Tavares, defendeu que "novas épocas necessitam de novos desafios”, até porque, “se houvesse eleições agora, para o Livre seria útil”.

Por último, quando questionada se quer ir a eleições, a líder do PAN, Inês Sousa Real, disse que o partido vê “com preocupações” esta hipótese e acrescenta que quer saber quais são as restantes soluções apresentadas pelo Presidente da República.

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