Altice poderá estar a estudar venda de parte do negócio em Portugal e França

Plano de redução de dívida poderá levar a empresa liderada por Patrick Drahi a desfazer-se de acções das operações de telecomunicações na Europa e República Dominicana.

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A Altice comprou a antiga PT em 2015 Andreia Carvalho
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A Altice tem assessores em “todas as geografias” a analisar a possibilidade de venda de activos, o que poderá levar à venda de posições nas empresas de telecomunicações em Portugal (Meo) e França (SFR), noticiou a Bloomberg esta quinta-feira, com base em informação que terá sido partilhada pelo líder da Altice France, Arthur Dreyfuss, numa reunião com representantes dos trabalhadores.

De acordo com a Bloomberg, que cita uma fonte anónima, Dreyfuss explicou na reunião desta quinta-feira que a Altice nomeia regularmente consultores para efectuarem avaliações estratégicas dos seus activos e adiantou que a venda dos data centers em França e Portugal estará concluída este Outono. Também está a ser estudada a possibilidade de venda de dívida.

A Reuters noticia que o grupo controlado por Patrick Drahi mandatou pelo menos quatro bancos – Lazard, BNP Paribas, Morgan Stanley e Goldman Sachs – para avaliarem os activos na Europa, de modo a analisar possíveis vendas para reduzir o endividamento do grupo: perto de 55 mil milhões de euros, considerando o negócio dos Estados Unidos da América.

Além da SFR e da Altice Portugal, estarão igualmente neste lote de activos a operação na República Dominicana (Altice Dominicana) e a plataforma de distribuição de conteúdos publicitários online Teads, refere a Reuters, citando uma fonte próxima do dossiê, que pediu o anonimato.

Na quarta-feira, o jornal francês Les Echos noticiou que Patrick Drahi (que comprou a antiga Portugal Telecom à brasileira Oi em 2015) estará já perto de fechar um acordo com o fundo de infra-estruturas da Morgan Stanley para vender a totalidade, ou uma parte, dos seus 92 centros de dados em França, avaliados em mil milhões de euros.

Na apresentação de resultados da Altice França, no início de Agosto, a empresa já tinha admitido que estavam a ser estudadas várias opções para reduzir a dívida, nomeadamente a venda de activos não-estratégicos, como os call center, mas não só. Operações de consolidação ou venda de posições de capital foram outros caminhos apontados.

Têm surgido notícias sobre a possível venda do centro de dados da Covilhã, por mais de 100 milhões de euros, ao fundo Horizon Equity Partners, do ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro, que já comprou, em consórcio com a Morgan Stanley, torres de comunicações à Altice.

Recorde-se que a Morgan Stanley Infrastructure Partners foi a entidade a que a Meo vendeu uma posição de 49,99% da sua rede de fibra, com um encaixe na ordem dos 1,5 mil milhões de euros, dando origem à empresa Fast Fiber.

A notícia de uma hipotética venda da Altice Portugal reaparece frequentemente, mas neste momento coincide com a investigação judicial em Portugal ao alegado esquema de corrupção e fraude fiscal que envolve o co-fundador português da Altice, Armando Pereira, e o seu parceiro de negócios, Hernâni Antunes.

Na sequência da investigação, a empresa confirmou que foram afastados 15 trabalhadores em vários países e tem garantido que o sucedido não terá impacto nos negócios do grupo.

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