O português Armando Pereira, ex-presidente da PT, está de regresso aos comandos de uma grande empresa de telecomunicações. Depois de ter sido anunciada, há duas semanas, a saída do vice-presidente executivo da SFR com o pelouro das telecomunicações, “por motivos pessoais”, os trabalhadores do grupo de telecomunicações e media francês ficaram a saber na quarta-feira que já há substituto para Michel Paulin.

Nada mais, nada menos do que o sócio português de Patrick Drahi, Armando Pereira, que ganhou fama como sendo implacável na condução de processos de reestruturação e cortes de custos e que tem ligações a uma série de empresas fornecedoras do grupo (em Portugal e França, mas também noutros mercados da Altice, como a República Dominicana).

Segundo o Le Figaro, a notícia chegou aos trabalhadores da operadora de telecomunicações através de um correio interno do presidente da SFR, Michel Combes, que também é líder executivo da Altice. O PÚBLICO confirmou entretanto junto de fonte oficial da Altice que Armando Pereira ficará com o pelouro das telecomunicações na SFR (nos media, o vice-presidente é Alain Weill), ainda que seja uma solução temporária.

Na imprensa francesa há ainda ecos de outras mudanças. O La Tribune cita fontes internas da SFR que dão conta do desconforto de Combes com o regresso de Armando Pereira, que foi co-fundador da Altice, é um accionista de referência, e é apresentado normalmente como o braço-direito de Patrick Drahi. O artigo, que cita fontes não identificadas da gestão da SFR, admite a possibilidade de Michel Combes estar de saída do grupo. Cenário que a Altice “rejeita por completo”.

Numa declaração enviada ao PÚBLICO, fonte oficial do grupo que detém a PT e quer comprar a Media Capital (dona da TVI), garantiu que “há total alinhamento no seio da gestão” da Altice: “Trata-se de uma equipa comandada por Michel Combes, que também é director-geral da Altice, com o Armando na liderança do negócio de telecomunicações nos próximos meses e Alain Weill nos media”.

Weill “também recebeu de Michel Combes a missão de preparar a organização convergente [media e telecomunicações] da empresa”, acrescentou o porta-voz da Altice, frisando que “a estratégia do grupo é clara” e que accionistas e gestores estão em sintonia. “O resto não é mais que fantasia”, concluiu.