Altice vende metade da rede de fibra óptica por 1,5 mil milhões

A dona da Meo anunciou a venda de 49,99% da rede de fibra óptica em Portugal à Morgan Stanley num negócio que poderá chegar aos 2,3 mil milhões de euros

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daniel rocha

A empresa que controla a Meo anunciou esta sexta-feira que chegou a acordo com a Morgan Stanley para a venda de metade da rede fibra óptica em Portugal num negócio que prevê a criação de uma nova empresa, a Altice Portugal FTTH, cuja participação de 49,99% será vendida à Morgan Stanley por 1,565 mil milhões de euros. A operação poderá chegar aos 2,3 mil milhões se a nova empresa cumprir objectivos de desempenho, com o respectivo encaixe dividido por 375 milhões em Dezembro de 2021 e outros 375 milhões em Dezembro de 2026.

“Estou muito satisfeito com a nossa parceria com a Morgan Stanley Infrastructure Partners, iniciada no contexto da nossa transacção de torres em Portugal em 2018 e que agora se prolonga com este projecto de fibra”, começou por referir em comunicado Patrick Drahi, o fundador da Altice. “Com este negócio, a Altice Europa já garantiu um encaixe superior a 5,7 mil milhões de euros”, continuou, numa referência às vendas de activos como as torres de comunicação em França e Portugal. Esta estratégia visa diminuir o peso da elevada dívida que o grupo acumulou nos últimos anos marcados pela expansão agressiva em mercados como Portugal, França e Estados Unidos, que fizeram soar os alarmes junto dos investidores.

A constituição da empresa Altice Portugal FTTH e a consequente venda de metade à Morgan Stanley avalia a rede de fibra óptica em Portugal em 4,6 mil milhões de euros e terá como objectivo prestar serviços grossistas a outras empresas no acesso a cerca de quatro milhões de lares em Portugal. A Altice considera mesmo que esta iniciativa vai proporcionar uma “enorme impulso ao mercado português de telecomunicações e à economia portuguesa”, comprometendo-se a “expandir adicionalmente a rede” de fibra, em vésperas do arranque da nova geração de tecnologia, o 5G.

Este processo de venda da rede de fibra em Portugal arrastava-se há meses e culmina o processo de desalavancagem iniciado pela Altice nos seus activos em todo o mundo por pressão dos mercados. As acções da Altice Europa reagiram em alta ao anúncio deste negócio, com uma valorização imediata acima de 5%.

“A Altice Portugal FTTH irá vender serviços grossistas a todos os operadores em condições financeiras iguais. A Meo irá prestar serviços técnicos à Altice Portugal FTTH para a construção, ligação com os clientes e manutenção da rede de fibra”, detalhou a empresa fundada por Patrick Drahi.

Numa mensagem enviada aos trabalhadores, o presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca destacou que com este negócio, “a Altice Portugal deu início ao processo de venda de fibra ótica que visava, essencialmente, expandir a sua capacidade de engenharia, inovação e operação para além fronteiras. Este processo ficou agora encerrado com a venda deste importante activo à Morgan Stanley Infraestructures Partners, numa clara aposta no mercado das telecomunicações e na economia nacional”. Adicionalmente, explico que “ao longo dos últimos meses, múltiplos operadores manifestaram interesse em utilizar as nossas infra-estruturas em Portugal, num fulcral e positivo sinal quanto à importância e atractividade do mercado nacional”, acrescenta nas explicações aos trabalhadores, sem esclarecer qual o impacto que esta operação terá nos postos de trabalho da empresa. 

Refira-se que a Altice anunciou em Abril a criação de uma nova empresa, a Meo Serviços Técnicos, para onde tencionava transferir quase dois mil trabalhadores. No entanto, perante a resistência dos colaboradores – que levantaram dúvidas sobre a segurança dos novos postos de trabalho e o futuro de alguns benefícios -, a Meo melhorou as contrapartidas dessa transferência. Entretanto, a nova empresa já entrou em actividade, apontando os últimos números para uma força de trabalho de 1300 pessoas.

No anúncio do negócio com a Morgan Stanley não é esclarecido se esta solução de transferência de trabalhadores será replicada na nova Altice Portugal FTTH.

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