Príncipe Harry não comparece em tribunal e adia depoimento para terça-feira

O príncipe era esperado nesta segunda-feira, mas o voo tardio e os planos de segurança acabaram por ditar a sua indisponibilidade, o que apanhou o juiz de surpresa.

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Membros dos meios de comunicação social aguardavam o príncipe Harry, à porta do Rolls Building do Supremo Tribunal, mas o segundo filho do rei Carlos não compareceu à audiência EPA/TOLGA AKMEN

O príncipe Harry não compareceu como esperado, nesta segunda-feira, no Supremo Tribunal de Londres, onde decorre o caso de celebridades contra um grupo editorial de tablóides, com o juiz a dizer que ficou surpreendido com a sua ausência e o advogado da MGN a considerar a sua não comparência “extraordinária”.

Harry, o filho mais novo do rei Carlos, vai enfrentar horas de interrogatório no banco das testemunhas na terça-feira, tornando-se o primeiro membro sénior da realeza britânica a prestar depoimento em tribunal em 130 anos.

O príncipe é uma das mais de cem personalidades que processam o Mirror Group Newspapers (MGN), grupo editorial que inclui os jornais Daily Mirror, Sunday Mirror e Sunday People, por ter pirateado telefones e por outros comportamentos ilegais para obter informações, entre 1991 e 2011.

O julgamento teve início no mês passado, quando os advogados que representam Harry e três outros queixosos tentaram provar que a recolha ilegal de informações foi efectuada com o conhecimento e a aprovação de editores e executivos de topo.

As alegações de Harry são o foco desta semana, e esperava-se que o príncipe comparecesse em tribunal nesta segunda-feira.

Mas o seu advogado, David Sherborne, disse ao juiz, Timothy Fancourt, que Harry tinha voado da sua casa em Los Angeles no domingo à noite, depois de ter marcado presença no segundo aniversário da sua filha Lilibet, não estando capaz de testemunhar na segunda-feira.

“Os seus planos de viagem são tais e os seus planos de segurança são tais que é um pouco complicado”, disse Sherborne à sala de audiências lotada.

O juiz manifestou-se “surpreendido” com a ausência de Harry, enquanto o advogado da MGN, Andrew Green, disse que era “absolutamente extraordinário” que o príncipe não estivesse presente. Green acusou a equipa jurídica de Harry de desperdiçar o tempo do tribunal, dizendo que esperava começar a interrogar o príncipe nesta segunda-feira.

Green pretende interrogar Harry sobre os 33 artigos que o príncipe diz terem sido baseados em material obtido ilegalmente.

Princesa Diana “pirateada”

Ao delinear o caso de Harry, Sherborne disse que cerca de 2500 artigos tinham aparecido sobre a vida privada de Harry nos títulos da MGN durante o período abrangido pelas acusações em julgamento, desde quando ele era um jovem rapaz na escola, depois de ter passado pela morte da sua mãe, a princesa Diana, em 1997, até ao seu posterior treino militar e vida adulta.

Não houve “nenhuma altura da sua vida em que estivesse a salvo destas actividades”, afirmou Sherborne, acrescentando: “Nada era sacrossanto ou fora dos limites e não havia protecção contra estes métodos ilegais de recolha de informação.”

Sugeriu também que o telefone de Diana tinha sido pirateado, referindo-se a cartas manuscritas que a princesa tinha enviado a um conhecido apresentador de televisão, Michael Barrymore, que detalhavam encontros secretos entre eles depois de ele ter revelado publicamente que era homossexual.

Numa das cartas, enviada meses antes da sua morte, dizia-se devastada pelo facto de o Daily Mirror ter contactado o seu escritório para perguntar sobre os encontros.

“Era óbvio que o Daily Mirror tinha andado a ouvir as mensagens do voicemail”, disse Sherborne.

Os assessores reais em foco

A MGN, agora propriedade da Reach, pediu desculpa no início do julgamento por uma ocasião em que o Sunday People procurou ilegalmente informações sobre Harry, aceitando que ele tinha direito a uma indemnização.

A editora já admitiu anteriormente que os seus títulos estavam envolvidos em escutas telefónicas e resolveu mais de 600 queixas, com um custo de mais de cem milhões de libras (quase 116 milhões de euros) em indemnizações e custas.

Mas rejeitou todas as outras alegações de Harry, dizendo que o duque de Sussex não tinha provas para as suas alegações. É provável que o Palácio de Buckingham apareça de forma proeminente no contra-interrogatório de Harry, com a MGN a argumentar que alguma informação tinha vindo de assessores reais.

Mas Sherborne disse que a sugestão de ter havido apenas um caso de recolha ilegal de informação envolvendo Harry era “claramente implausível”. Nos documentos do tribunal, Harry disse que o impacte das alegadas actividades ilegais foi causar-lhe “enorme angústia” e paranóia, acabando por ser a causa da ruptura da sua relação com a ex-namorada Chelsy Davy.

A comparência desta semana será a segunda vez neste ano que Harry estará presente no Tribunal Superior, depois de, em Março, se ter juntado ao cantor Elton John e a outros para audiências sobre o seu processo contra a editora dos tablóides Daily e Sunday Mail.

Harry, o quinto na linha de sucessão ao trono, está envolvido em várias batalhas legais com a imprensa britânica, incluindo um caso semelhante de escutas telefónicas contra o braço jornalístico britânico de Rupert Murdoch.

No seu livro de memórias e na série documental da Netflix, o príncipe também acusou a sua família e os seus assessores de conluio com os tablóides. O palácio não comentou essas acusações.

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