Grupo Mirror admite em tribunal ter vigiado Harry ilegalmente

O The Mirror admitiu ter contratado um detective privado para vigiar o filho de Carlos III numa discoteca em 2004 e reconheceu que o príncipe merece uma compensação por isso.

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O duque de Sussex não esteve em tribunal Reuters/TOBY MELVILLE

O jornal tablóide britânico The Mirror pediu desculpa ao príncipe Harry por ter conseguido informação sobre o duque de Sussex de forma ilegal. A admissão de culpa do jornal decorreu esta quarta-feira, dia que marca o arranque do julgamento que opõe o grupo de media britânico ao filho de Carlos III. Espera-se que o príncipe apresente novas provas da acusação.

Harry e outras cem celebridades, incluindo actores, desportistas, cantores e apresentadores de televisão, estão a processar o Mirror Group Newspapers (MGN, parte do conglomerado Reach), acusando-os de conseguirem informação através de ataques a telemóveis, e via outros métodos ilegais, entre 1991 e 2011.

Os queixosos defendem que o comportamento ilegal do Daily Mirror, Sunday Mirror e Sunday People, todos chancela MGN, ocorreu com o conhecimento da direcção do grupo empresarial, que não só impediu essas atitudes, como ainda ajudou a escondê-las.

O grupo do Mirror tem contestado as alegações, defendendo que as queixas surgiram demasiado tarde, e que não há provas de que Harry tenha sido vítima de escutas telefónicas. Além disso, negam que quaisquer dirigentes dos jornais tenham tido conhecimento dos actos ilegais.

Contudo, nos documentos entregues no Tribunal Superior de Londres, admitiram que, apenas uma vez, em 2004, recorreram à contratação de um investigador privado. Este estariaa encarregado de vigiar o príncipe Harry numa discoteca. Os responsáveis do grupo pediram “desculpas" e "sem rodeios", aceitando que o duque "tem direito a uma compensação”.

O filho de Carlos III, que esteve no Reino Undo para a coroação do pai, não estava presente no início dos trabalhos em tribunal, mas foi seleccionado como um dos quatro casos a analisar no julgamento colectivo, previsto para durar sete semanas. Espera-se que apresente provas de forma presencial no início de Junho, em Londres.

“Príncipe ou não, os flagrantes métodos ilegais que foram usados pelos arguidos foram realmente terríveis”, sublinhou David Sherborne, o advogado que está a representar Harry e os restantes queixosos. E acrescentou: “Ninguém devia ser sujeito a isto.”

O caso que envolve o The Mirror é apenas um dos quatro levantados por Harry contra jornais. O duque de Sussex tem dito que é uma questão de "dever" expor “os crimes” cometidos pelos tablóides, particularmente em nome daqueles que não têm os seus recursos.

Em Março, já tinha estado também em tribunal, em Londres, para ouvir os advogados da Associated, que publica o Daily Mail e o Mail on Sunday, num caso que o envolve, assim como outras celebridades, uma delas Elton John. Também está envolvido noutro processo semelhante contra o News Group Newspapers (NGN), de Rupert Murdoch. por terem igualmente “hackeado” o seu telemóvel. Todos os grupos garantiram estarem preparados para se defenderem das acusações.

Desde que abandonaram os deveres reais, em 2020, Harry e Meghan têm lançado farpas à comunicação social britânica e à própria família real, acusando o irmão William e a madrasta, a rainha Camila, de colaborarem com as mentiras dos tablóides.

É também esse argumento que tem apresentado a MGN, que publicou 147 notícias sobre Harry entre 1991 e 2011. Garantem que muitos dos factos errados vieram da própria equipa do Palácio de Buckingham, incluindo do assessor de imprensa de Carlos, então príncipes de Gales.

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