Páscoa, Primavera e ar livre: a sommelière Gabriela Marques escolhe o vinho

Gabriela Marques, escanção do restaurante Marlene, em Lisboa, escolhe alguns Vinhos Verdes que casam bem com a Páscoa, com dias de Primavera e com longos serões entre amigos.

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Gabriela Marques é sommelière do restaurante Marlene, em Lisboa

Gabriela Marques, escanção do restaurante Marlene, em Lisboa, confessa que os Vinhos Verdes se têm revelado uma descoberta. “Nos últimos tempos, têm-se feito projectos muitos bons e tem-se mostrado uma versatilidade mais gastronómica”, nota, sublinhando que é uma região que lhe dá, “a nível de carta, muita alavancagem”: “Cada vez mais se produz Vinho Verde com um perfil que encaixa ao nível das tendências na gastronomia.”

Nesse sentido, é com eles que costuma começar as harmonizações, mesmo com clientes que lhe dizem não gostar de Vinho Verde. “Faço-o justamente para lhes dar uma perspectiva diferente do que se anda a fazer.” Reclamações, nem vê-las. Para dar conta dessa versatilidade, Gabriela Marques escolhe alguns Verdes que casam bem com os dias que aí vêm.

A Páscoa está aí ao virar da esquina. O que recomenda para a mesa típica desta altura do ano?

Os Vinhos Verdes têm qualidades que lhes dão muita versatilidade. Podemos encaixá-los em diferentes pratos e circunstâncias. Na Páscoa, fazemos tendencialmente confecções mais elaboradas, como cabrito, chanfana, polvo. Para estas sugestões, aconselharia um alvarinho com um pouco de estágio em barrica. Ganham complexidade e algum volume que suportam bem essa intensidade de sabores sem que percam a frescura e a acidez típicas dos Vinhos Verdes. A minha sugestão passaria pelo Parcela Única, do Anselmo Mendes. Ou pelo Sou Alvarinho, da Quinta de Santiago. Ambos têm barrica quanto baste, e mantêm esse perfil mais gastronómico.

Com os dias mais quentes, volta o apetite por saladas e outros pratos leves. Como harmonizá-los com vinho?

Sugiro vinhos mais leves e frescos. Vamos apontar Verdes das castas loureiro ou azal, ou então alvarinhos um pouco mais frescos. Tendencialmente são um pouco mais leves e com uma graduação alcoólica mais baixa. Acabam por ser mais equilibrados. A minha sugestão iria para o Quinta do Ameal Loureiro ou para o San Joanne Terroir Mineral, feito de avesso e loureiro. São vinhos vibrantes, encaixam bastante bem com as saladas e com petiscos, e com fins de tarde.

As noites ficam também mais longas e propícias a serões ao ar livre. Que Verdes se prestam à ocasião?

Porque os espumantes se encaixam bem em todas as situações, sugiro um espumante. Para a conversa com os amigos recomendo algo mais leve. Temos o Côto de Mamoelas, um excelente espumante de alvarinho – e também um dos meus favoritos. São equilibrados, têm boa acidez e acabam por ser bons também para fins de tarde. Ou então os tranquilos rosés, que também acabam por ser um pouco mais leves e uma boa opção. De uma forma um pouco mais casual, recomendo o Aveleda Fonte, que tem também boas notas de fruta e acaba por ter uma versatilidade bastante adequada para os fins de tarde. São de graduação mais baixa, são mais frescos e mais fáceis de beber para os convívios com os amigos.

* Depoimento recolhido e editado por João Mestre


Este artigo foi publicado no n.º 8 da revista Singular.

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