Maioria dos unionistas da Irlanda do Norte está contra o acordo de Sunak com a UE

Sondagem mostra que só 38% dos leais à coroa britânica são favoráveis ao “enquadramento de Windsor”. Entre os apoiantes do DUP, que boicota o governo regional, só 16% votariam “sim” em referendo.

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Um cartaz dos unionistas contra o Protocolo da Irlanda do Norte Clodagh Kilcoyne/Reuters

Apenas 16% dos eleitores do Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, apoiam o acordo que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, assinou recentemente com a União Europeia sobre as regras do comércio pós-“Brexit”, revela uma sondagem publicada este sábado pelo jornal Belfast Telegraph.

A sondagem realizada pela empresa LucidTalk mostra que, se fosse realizado um referendo, apenas 38% dos eleitores unionistas norte-irlandeses (leais à coroa britânica) votariam a favor do “enquadramento de Windsor” ao Protocolo da Irlanda do Norte, que Sunak acordou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

No entanto, enquanto 73% dos apoiantes do DUP e 50% de todos os eleitores unionistas se opõem ao acordo, 67% de todos eleitores da região são favoráveis ao entendimento, graças ao forte apoio do campo nacionalista, mostra o inquérito de opinião.

Os unionistas são favoráveis à manutenção da Irlanda do Norte como parte do Reino Unido, enquanto os nacionalistas defendem a integração na Irlanda.

Não se espera que o Governo britânico precise dos votos do DUP ou do eleitorado norte-irlandês em geral para ratificar o acordo anunciado em Fevereiro (embora Sunak não seja obrigado a submetê-lo a votação no Parlamento), no entanto, o primeiro-ministro esperava que o acordo convencesse o partido a pôr fim ao boicote que paralisou o governo da região.

Num aparente sinal de diminuição do apoio ao boicote do DUP, a percentagem de unionistas que defendem que o executivo regional não deve ser restaurado enquanto a questão das regras pós-“Brexit” não forem resolvidas desceu de 66% para 54% em relação à sondagem de há seis semanas.

A sondagem foi levada a cabo pela Internet, entrevistando 3409 pessoas entre 3 e 5 de Março.

Houve uma mudança demográfica radical na Irlanda do Norte, com cada vez menos fiéis nas igrejas, quer de protestantes quer de católicos, e um aumento de casamentos intercomunitários que culminou na vitória dos nacionalistas do Sinn Fein nas eleições regionais, a primeira dos católicos desde a formação da Irlanda do Norte em 1921.

Desde aí o DUP bloqueou o governo regional, não aceitando ser liderado pelo Sinn Fein no executivo partilhado que os Acordos de Sexta-Feira Santa consagram. Mas a perspectiva de eleições antecipadas não parece agradar muito a alguns sectores dos unionistas, que temem uma maior erosão no seu eleitorado.

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