Monstrinha de novo à solta em Lisboa

Um dos raros momentos em que aconselhamos que ponham as crianças frente a ecrãs. De 15 a 26 de Março.

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Imagem da longa-metragem Perlimps (Brasil, 2022) Alê Abreu
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T-Rex (Alemanha, 2022) Julia Ocker
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Não Tenho Medo! (Alemanha, Noruega, 2022) Marita Mayer
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Steamboat Willie (a primeira curta sincronizada com som, onde se estreia Mickey Mouse (1928) Disney

O que podem as famílias esperar desta 22.ª edição do festival de animação? Pergunta feita a Fernando Galrito, director artístico da Monstra (em que se integra a Monstrinha), Festival de Animação de Lisboa. Resposta: “As famílias podem esperar muitos e bons filmes de animação. Há curtas-metragens de 12 países, com temáticas diferentes e múltiplas propostas de análises.”

Acrescenta ainda que, a partir do visionamento em família de certos filmes, “os pais/educadores podem ter boas conversas com os filhos”. Um dos exemplos que refere é o do Não Rebentes (República Checa, 2022) de Alžbeta Maèáková Mišejková. E explica: “É uma história que nos põe a pensar na relação com o outro. Duas crianças começam por brincar alegremente, mas depois entram em conflito, em discussão. À medida que se se vão zangando, vão inchando.”

Como balões, erguem-se do chão e distanciam-se cada vez mais uma da outra. “Se não deixarem de discutir, não vão parar de inchar e de se afastar”, conclui.

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Imagem de Não Rebentes (República Checa, 2022) Alžbeta Maèáková Mišejková

O que Fernando Galrito e a equipa que organiza o festival querem é “mostrar filmes que divertem, mas também põem a pensar, seja nas relações humanas, seja no nosso comportamento perante a natureza e o mundo”.

Haverá sessões, nos dois fins-de-semana, no Cinema São Jorge, Cinema City Alvalade, Museu Nacional de Etnologia, Centro Cultural de Carnide (Lisboa) e Centro de Artes de Sines, que correspondem ao Monstrinha Baby e ao Monstrinha Pais e Filhos. Oficinas para aprendizagem de realização de filmes de animação também fazem parte da programação, a partir de elementos em plasticina ou através do uso de telemóvel.

Ainda no âmbito dos mais jovens, cabe a Monstrinha Vai à Escola (13 de Fevereiro a 10 de Março) e a Monstrinha Escolas (15 a 26 de Março). No primeiro caso, as sessões fazem-se, por todo o país, nos auditórios dos estabelecimentos de ensino ou em espaços cedidos pelas juntas de freguesia; no segundo, as escolas organizam a ida dos alunos ao Cinema São Jorge. Para um conjunto de dez dias, já se inscreveram 20 mil crianças e jovens, dos três aos 17 anos.

Fernando Garlito, também realizador e professor, diz que ao longo destes 22 anos a Monstrinha já expôs “700 mil crianças a filmes de animação de muitos países diferentes”. Muitas delas assistem agora à Monstra, “temos a noção de que fomos criando novos públicos”. Também se apercebem nas oficinas de que, de ano para ano, há “famílias repetentes”.

Um dos destaques referidos pelo director do festival na conversa com o PÚBLICO foi a longa-metragem Perlimps (Brasil, 2022), de Alê Abreu, que venceu o prémio de Melhor Filme de Animação do Chicago International Children’s Film Festival (imagem em baixo, à esquerda). É exibido no dia 25 de Março, às 11h00, no Cinema São Jorge (sala Manoel de Oliveira) e está integrado na Competição de Longas-Metragens. Mais um filme que estimula o pensamento e questiona o comportamento. “Explora a relação de forças na natureza”, diz Galrito.

Sinopse divulgada: “Dois agentes secretos de reinos rivais, Claé e Bruô, precisam de pôr de lado as suas diferenças e unir forças. Juntos, partem em busca dos Perlimps e tentam infiltrar-se num mundo controlado por Gigantes, que se encontra na iminência de uma guerra terrível. Uma crítica à ganância contemporânea, que transforma a natureza e a tecnologia em armas contra o outro e o diferente.”

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Perlimps (Brasil, 2022) venceu o prémio de Melhor Filme de Animação do Chicago International Children’s Film Festival Alê Abreu

Há um efeito nas crianças que é muito caro ao director criativo do festival: “Elas ficam a saber que noutros países há quem faça coisas muito bonitas e que nós as conseguimos entender. Isso faz-lhes perder o medo do outro, que afinal não é assim tão diferentes de nós.” Mais: “Percebem que quem faz a guerra é um grupo restrito de pessoas. Há outras, muitas, que são criativas e podem ser abraçadas.”

Dito isto, como não levar por estes dias as crianças até aos ecrãs?…

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