Presidente de Taiwan vai estar nos EUA para se encontrar com líder do Congresso

McCarthy queria visitar a ilha, tal como fez Nancy Pelosi, mas dirigentes taiwaneses defenderam que encontro devia ser nos EUA para não enfurecer a China.

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Tsai vai estar alguns dias nos EUA em Abril Reuters/CARLOS GARCIA RAWLINS

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, deverá encontrar-se com o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, durante uma visita ao país programada para Abril. A China diz estar “muito preocupada” com as notícias que dão conta do encontro e quer explicações de Washington.

Segundo o Financial Times, as autoridades de Taiwan terão convencido McCarthy a encontrar-se com Tsai em solo norte-americano, e não na ilha, como forma de não elevar ainda mais a tensão com a China. O republicano recentemente eleito para a presidência da Câmara dos Representantes havia manifestado interesse em visitar Taiwan, repetindo os passos da sua antecessora, a democrata Nancy Pelosi, que em Agosto se tornou a governante norte-americana mais importante a visitar a ilha em mais de duas décadas.

A visita de Pelosi foi encarada em Pequim como uma provocação e levou a China a intensificar as actividades militares no estreito de Taiwan, incluindo o disparo de mísseis balísticos pela primeira vez.

As reuniões entre dirigentes taiwaneses e norte-americanos são um assunto extremamente sensível para as relações entre os EUA e a China. Oficialmente, Washington não tem relações diplomáticas com Taiwan, cujo nome oficial é República da China e é considerada por Pequim como parte integrante do território da República Popular China. Por isso, qualquer sinal que se aproxime de um reconhecimento da existência diplomática de Taiwan como um país soberano e independente torna-se uma fonte de enorme desagrado para a China.

No entanto, os EUA e Taiwan mantêm laços muito próximos, sobretudo ao nível da segurança e do comércio de armamento. O Presidente dos EUA, Joe Biden, já afirmou em várias ocasiões que está disposto a defender militarmente a ilha em caso de uma invasão chinesa. Em Pequim ambiciona-se uma “reunificação”, mas o Presidente Xi Jinping não exclui usar a força se Taiwan sinalizar alguma vontade em tornar-se independente.

Uma das muitas regras que mantêm a ambiguidade diplomática com que os EUA lidam com Taiwan é a de que os dirigentes taiwaneses não visitam Washington para encontros oficiais. Geralmente, as delegações governamentais de Taiwan organizam “escalas” em cidades norte-americanas a caminho de outros destinos, como a América Latina, e é nessas ocasiões que mantêm alguns contactos informais.

Essa é a ideia de Tsai, que em Abril vai visitar a Guatemala e o Belize, dois dos poucos países em todo o mundo que ainda mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan, mas antes passará pela Califórnia e Nova Iorque. Não há uma confirmação oficial acerca dos detalhes do itinerário de Tsai, mas algumas fontes taiwanesas dizem que a Presidente vai encontrar-se com McCarthy na Califórnia.

O presidente da Câmara dos Representantes disse estar disponível para se reunir com Tsai durante a sua estada nos EUA, mas não quis excluir uma viagem sua a Taiwan para apaziguar Pequim. “A China não me pode dizer aonde posso ir”, afirmou o republicano.

Segundo um dirigente de topo do Governo de Taiwan, citado pelo FT, a Administração de Tsai alertou McCarthy para o perigo de aumentar a tensão com a China neste momento. “Pode haver políticas ainda mais irracionais do que no passado a emanar de Pequim. Se pudermos controlar isto em conjunto, os riscos para todos podem ser melhor contidos”, disse a mesma fonte.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China manifestou “extrema preocupação” com as notícias que dão conta do encontro entre Tsai e o presidente da Câmara dos Representantes. “Apresentámos pedidos formais junto da representação dos EUA e pedimos uma clarificação”, afirmou a porta-voz do ministério, Mao Ning, numa conferência de imprensa nesta quarta-feira.

“Ninguém deve subestimar a forte determinação do Governo e do povo chinês em defender a soberania nacional e a integridade territorial”, acrescentou a responsável.

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