Blinken diz que “será um grande problema” se a China enviar armas para a Rússia

Secretário de Estado dos EUA reuniu-se com homólogo chinês na Conferência de Segurança de Munique. Presidente norte-americano viaja até à Polónia onde assinalará o aniversário da guerra na Ucrânia.

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Joe Biden aterra segunda-feira na Polónia Jonathan Ernst/Reuters

Foi um encontro “tenso”, com os dois lados a apresentar a descrever uma reunião com apontar de problemas sem nenhuma abertura do lado oposto, e sem que fosse anunciado mais nenhum passo. O encontro entre o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o responsável pela diplomacia chinesa, Wang Yi, à margem da Conferência de Segurança de Munique, levou a uma série de relatos de perigo de desentendimento entre os dois poderes.

Blinken afirmou publicamente a sua preocupação com o facto de a China poder estar a considerar dar armas à Rússia para a sua ofensiva na Ucrânia.

“A preocupação que temos neste momento é, com base na informação que temos, que estejam a considerar ajuda letal”, declarou Blinken ao programa da CBS Face the Nation, sobre os responsáveis chineses. “E deixámos muito claro que isso causaria um grave problema para nós e na nossa relação.”

A linha deste apoio letal não foi ainda ultrapassada, disse Blinken, salientando que os EUA acham que empresas chinesas já dão apoio ao grupo Wagner, que é uma força paramilitar russa, na forma de informação de vigilância.

O responsável americano também pediu à China que parasse de ajudar a Rússia a contornar o impacto das sanções, diz o diário britânico The Guardian. A China aumentou as trocas comerciais com a Rússia, comprando petróleo russo, provavelmente abaixo do preço de 60 dólares (cerca de 55,60 euros) por barril, o tecto máximo imposto pela União Europeia e G7.

Wang Yi, pelo seu lado, não pediu desculpa pelo balão de vigilância que sobrevoou os Estados Unidos e foi abatido, referiu Blinken. A China tem dito que era um aparelho civil, os EUA dizem que recuperaram sensores e que havia equipamento de vigilância visível no balão.

O diário norte-americano The New York Times noticia que no relato feito pela China do encontro também não há razão para grande optimismo. Cabe aos Estados Unidos “resolver o dano causado pelo uso indiscriminado da força” que Pequim considera ter sido o abater do balão, disse Wang citado pelos media chineses.

Alem do que foi dito sobre o encontro, há o não dito: não foi marcada nova data para Blinken ir a Pequim. A viagem programada foi adiada na sequência do caso do balão (balões que se seguiram e foram abatidos não deveriam ser chineses, mas sim equipamentos de investigação científica e até recreativos, admitiu entretanto o Presidente, Joe Biden), e responsáveis americanos estavam esperançosos de que fosse possível ter uma nova data.

Apesar disto, o jornal cita Danny Russell, vice presidente do Asia Society Policy Institute, uma organização de investigação independente, que vê um lado positivo: “O facto de que a reunião ocorreu e ambos os lados puderam dizer que afirmaram os seus pontos de vista no caso do balão espião pode ajudar os dois lados a pôr o incidente atrás das costas e trabalhar para remarcar a viagem de Blinken a Pequim, que é onde será feito o verdadeiro trabalho”.

Antes do encontro com Blinken, Wang anunciou uma iniciativa chinesa de paz para a Ucrânia, e usou a conferência para falar sobre ela com os países europeus. Vários diplomatas relataram não ter ficado impressionados com um discurso que classificaram como vago e uma repetição do que Pequim tem vindo a dizer, segundo o Guardian.

Biden na Polónia

Quando se aproxima o assinalar de um ano sobre a invasão russa, no dia 24 de Fevereiro, o Presidente Biden estará na Polónia, onde vai fazer, na terça-feira, um discurso sobre o aniversário e mandar “uma forte mensagem de solidariedade”, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Apesar de Biden estar num país vizinho da Ucrânia de 20 a 22 de Fevereiro, o porta-voz da Casa Branca para a Segurança, John Kirby, adiantou este domingo que não há planos para que o Presidente norte-americano vá a Kiev. Mas irá deixar claro que os Estados Unidos vão apoiar a Ucrânia durante “o tempo que for preciso”, disse Kirby.

É a segunda viagem de Biden à Polónia onde esteve no ano passado, pouco depois do início da invasão, onde se encontrou também com refugiados ucranianos. Na quarta-feira, o Presidente dos EUA irá reunir-se com responsáveis dos países europeus que estão no flanco oriental da NATO, além da Polónia, Bulgária, República Checa, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Roménia e Eslováquia.

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