Milhares de pessoas protestam em Madrid contra o Governo e a “deterioração da democracia” espanhola

Manifestantes criticam reforma do Código Penal e asseguram que o protesto não é de “esquerda, de direita ou de centro”. Partidos de direita e líder da extrema-direita marcaram presença.

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Protestos em Madrid Reuters/SUSANA VERA
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Dezenas de milhares de pessoas aderiram este sábado a uma manifestação, em Madrid, convocada por diversas associações e grupos da sociedade civil, para protestar contra Pedro Sánchez, contra o seu “Governo de mentira e de acordos obscuros” e contra a “deriva política que tomou conta de Espanha”.

Segundo a informação recolhida pela representação do Governo na capital espanhola, cerca de 31 mil pessoas juntaram-se na Praça de Cibeles e nas ruas adjacentes, no centro da cidade. Levam bandeiras de Espanha e cartazes com mensagens como “Sánchez, traidor”, “demissão para o Governo”, “separatistas, fora daqui” ou “democracia, sim, ditadura, não”.

Sob o lema “Por Espanha, pela democracia e pela Constituição”, o protesto começou às 12 horas (menos uma hora em Portugal continental). Os principais organizadores – o Fórum Espanha Cívica e a Fundação Fórum Liberdade e Alternativa – dizem-se “preocupados” com a governação do PSOE (centro-esquerda) e do Unidas Podemos (esquerda radical).

“Não se trata de esquerdas, de direitas ou de centro, mas de não ficarmos impassíveis perante a grave erosão das nossas instituições, a deterioração da nossa democracia e a debilitação do nosso Estado”, lê-se no manifesto do protesto.

Os organizadores dizem que “os espanhóis não votaram naquilo que está a acontecer”, uma vez que, argumentam, o PSOE concorreu às últimas eleições [Novembro de 2019] assegurando que “nunca sustentaria a governabilidade daqueles que, a partir da Generalitat [governo catalão], tentaram articular um golpe de Estado” e comprometendo-se a “fazer da luta contra a corrupção e da regeneração democrática dois dos seus principais objectivos”.

O manifesto pede “uma Espanha unida em direitos iguais” e critica a reforma do Código Penal “pela porta das traseiras”, entre os gritos de “demissão” dos manifestantes.

Os protestos contaram com o apoio do PP (centro-direita), do Cidadãos (liberais) e do Vox (extrema-direita), mas o único líder partidário que participou foi Santiago Abascal.

O líder do Vox diz-se “convencido” da “necessidade de uma mobilização permanente e massiva até à expulsão do autocrata Pedro Sánchez do poder”.

“Perante o pior Governo da democracia, da mentira aos eleitores e dos acordos obscuros com os inimigos da ordem constitucional e da unidade da nação, estamos no melhor lugar onde poderíamos estar”, acrescentou.

Já o PP fez-se representar este sábado por alguns membros da equipa do seu líder, Alberto Núñez Feijóo, como o vice-secretário de Coordenação Autonómica e Local, Pedro Rollán; o vice-secretário de Organização, Miguel Tellado; e a porta-voz do partido no Parlamento Europeu, Dolors Montserrat.

Tellado criticou a incompetência e a soberba do presidente do executivo, Pedro Sánchez, e recordou-lhe que “não vale tudo para se manter no Governo”.

“Este é um Governo incompetente. A sua incompetência e soberba estão a permitir que os agressores sexuais saiam da prisão antes do tempo e que mais de 200 vejam as suas penas reduzidas”, denunciou, numa referência lei de consentimento “só sim é sim”.

Por outro lado, o vice-secretário da Organização do PP disse que gostaria que os socialistas também tivessem participado na manifestação, mas defendeu que o PSOE “nunca os deixaria”, recordando o exemplo do ex-presidente da Comunidade de Madrid, Joaquín Leguina, recentemente expulso do partido.

Quanto ao Cidadãos, esteve representado nos protestos pelos deputados Inés Arrimadas (ex-líder) e Guillermo Díaz e pela vice-presidente da câmara de Madrid, Begoña Villacís, que destacaram que o objectivo é “reverter tudo o que foi feito” nos últimos anos pelo Governo para “desarmar o Estado de direito”.

“Há três palavras que não podem meter medo a nenhum constitucionalista e que temos sempre de reivindicar: ‘Espanha’, ‘democracia’ e ‘Constituição’”, afirmou Villacís.

Entre os manifestantes também estavam a antiga dirigente do UPyD (centro), o ex-político do PP, Aleix Vid-Quadras, o filósofo Fernando Savater e o escritor Andrés Trapiello.

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