Autoeuropa convoca referendo para aumento de salário de 5,2%

Trabalhadores da Volkswagen em Portugal vão votar no próximo domigo e segunda-feira uma nova proposta que prevê a actualização dos ordenados com efeito já em Dezembro.

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Autoeuropa encetou novas negociações depois de uma greve parcial de dois dias que provocou quatro paragens na fábrica de Palmela EPA/MARIO CRUZ (arquivo)

Após duas reuniões, a administração da Volkswagen Autoeuropa e a comissão de trabalhadores (CT) chegaram a um novo acordo para actualização de salários. A nova proposta, que vai a votação no próximo domingo e segunda-feira, dias 4 e 5 de Dezembro, substitui o aumento de 2% a partir de Janeiro, tal como previsto no acordo laboral, por um aumento de 5,2%, com efeito já em Dezembro.

Em cima deste aumento, que avança se for aprovado pelos trabalhadores, há o pagamento de um bónus de 400 euros a cada funcionário, já pago em Novembro. Este bónus, igual para todos, era desde o início a medida preferida da gerência para ajudar os trabalhadores a lidar com a inflação e o aumento do custo de vida.

Mas, para a CT, era um apoio insuficiente face à degradação do poder de compra e aos resultados anuais daquela unidade localizada em Palmela, cuja produção anual deverá ser de 230 mil veículos, 15% acima das estimativas iniciais.

Sem outra solução, os trabalhadores avançaram para uma greve parcial, a primeira desde 2017, que se concretizou por insistência sindical e contra a vontade da CT, depois de a gerência ter dito que queria voltar às negociações.

Apesar dessa vontade, a paralisação avançou e teve adesão suficiente para forçar quatro paragens de duas horas (uma por turno). Na última sexta-feira, 25 de Novembro, reataram-se as negociações, com a administração a propor um aumento de 4% a partir de Janeiro, em vez dos 2% previstos no acordo de empresa. A CT rejeitou, dizendo que ficava “longe das expectativas dos trabalhadores”.

Nesta segunda-feira, após nova ronda, CT e gerência encontraram consenso noutra solução que vai agora a referendo, porque se traduzirá numa adenda ao actual acordo laboral, aprovado em Março passado. Com essa adenda substitui-se o aumento de 2% anteriormente previsto por um aumento de 5,2% a partir de Dezembro de 2022.

É um valor praticamente em linha com o aumento inscrito no Acordo de Rendimentos e Competitividade, promovido pelo Governo. No documento assinado pelas principais associações empresarias e a UGT no início de Outubro, ficou inscrito um aumento de 5,1% para 2023.

Trata-se de uma solução menos ambiciosa do que aquela que era a vontade inicial da CT. Esta entidade pretendia um aumento extraordinário imediato de 5% com efeito retroactivo a Julho. Além disso, o aumento de 2% previsto de 2023 seria actualizado com outro aumento extraordinário na percentagem necessária para cobrir o valor da taxa de inflação média anual de 2022. Assim, se esta taxa de inflação for, por exemplo de 8%, então o aumento extraordinário em 2023 será de 1% (1% extraordinário + 2% do acordo laboral em vigor + 5% do aumento extraordinário em 2022).

Em vez disso, a CT aceita submeter a votação um aumento salarial único de 5,2%, mas levando em conta que a empresa avançou mesmo com um bónus de 400 euros a cada um dos trabalhadores, pago em Novembro.

O PÚBLICO tentou contactar a CT da Autoeuropa, mas até ao momento sem sucesso. No comunicado divulgado após a reunião desta segunda-feira, a CT dá exemplos do impacto desta actualização, para diferentes níveis salariais.

Assim, um trabalhador cujo salário esteja no nível 2 e, por essa razão, receba em termos brutos um salário-base de 1148,50 euros mais 287,13 euros de subsídio de turno terá, a partir de Dezembro, um aumento de 75 euros (a taxa de actualização aplica-se a ambas as parcelas do vencimento).

No nível salarial 6, a que corresponde uma remuneração bruta base de 1417,50 euros mais 354,38 euros de subsídio de turno, o aumento será de 92,50 euros, para um total bruto de 1793,63 euros.

Finalmente, para o nível 12, o aumento salarial, caso seja aprovado, será de 122,50 euros, para um valor total bruto de 2475 euros.

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