Palestinianos contam seis mortes em raides do Exército israelita

Uma operação em Nablus atingiu o grupo Covil do Leão, que tem vindo a ganhar importância na cidade.

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Membro do grupo Covil do Leão em Nablus RANEEN SAWAFTA/Reuters

Num dia marcado por um dos maiores confrontos entre grupos combatentes palestinianos e soldados das Forças Armadas de Israel em Nablus morreram seis palestinianos, um deles um importante combatente de um grupo que surgiu e ganhou fama recentemente, o Covil do Leão.

Isto acontece quando há semanas que o Norte da Cisjordânia é palco de violência em operações do Exército de Israel, que se centraram em Jenin – na cidade e no campo de refugiados – e, entretanto, também em Nablus, que está há mais de uma semana sujeita a um bloqueio israelita.

Os militares de Israel aumentaram as acções na zona depois de vários ataques contra israelitas, alguns deles levados a cabo por habitantes de Jenin. Foi também aí que um soldado israelita matou a repórter da Al-Jazeera Shirin Abu Akleh.

Mas em Nablus tem surgido um movimento diferente: um grupo de jovens, fora das estruturas habituais (os grupos armados costumam ter ligações a facções como o Hamas ou a Jihad Islâmica), sem grande organização e sem liderança central, e ainda de natureza secular, que têm levado a cabo ataques contra militares israelitas – mataram por exemplo um soldado que protegia um grupo de colonos.

Enquanto isso, os ataques de residentes em colonatos judaicos na Cisjordânia ocupada contra palestinianos aumentaram de forma “alarmante”, segundo um relatório citado pelo diário israelita Haaretz (liberal) na sexta-feira. O documento dizia que nos dez dias anteriores tinha havido mais de 100 ataques nacionalistas contra palestinianos.

Nesta terça-feira, no entanto, o palco dos confrontos foi Nablus, com uma acção do Exército israelita a incluir snipers e soldados com armamento pesado, acompanhados ainda por agentes do Shin Beth (serviços secretos internos), que pretendiam destruir um depósito de armas do grupo Covil do Leão, e que se confrontaram com dezenas de palestinianos armados, assim como pessoas a atirar pedras e a queimar pneus, disse uma fonte israelita à agência Reuters.

Na operação foi morto um combatente do grupo, Wadi al-Houh, que Israel diz ter sido responsável pela produção de tubos com explosivos usados contra os militares, e por obter armas para o grupo. Este, além de não ter liderança formal, também não executa planos como fazem os grupos ligados ao Hamas ou à Jihad Islâmica: a sua acção é, disseram ao Haaretz, de reacção às incursões do Exército israelita ou aos ataques dos colonos.

Segundo fontes palestinianas, foram ainda mortos mais quatro palestinianos em Nablus, e um sexto na localidade de Nabi Saleh, perto de Ramallah.

O grupo Covil do Leão surgiu sem grande agenda política, de jovens frustrados com os ataques de colonos e do exército israelita. Ficaram famosos no Tik Tok, onde iam medindo o apoio popular aos seus ataques, mas foram entretanto banidos da plataforma.

Este ano já morreram mais de 125 palestinianos em operações militares israelitas ou confrontos violentos, segundo o Haaretz, e mais de 2000 foram detidos, segundo o Times of Israel. Quatro soldados israelitas morreram, incluindo o que foi morto pelo grupo de Nablus quando protegia o grupo de colonos. A violência aumentou depois de Março, quando uma série de ataques levados a cabo por palestinianos (da Cisjordânia, incluindo Jenin, mas também cidadãos de Israel) deixaram 19 mortos em Israel.

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