Israel acusado de matar palestinano de 17 anos em Jenin

Adolescente era membro da Jihad Islâmica na cidade da Cisjordânia onde tem havido nas últimas semanas raides israelitas, incluindo aquele em que morreu a jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh.

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Familiares do palestiniano morto este sábado em Jenin ALAA BADARNEH/EPA

Um palestiniano de 17 anos morreu atingido por militares israelitas numa operação na cidade de Jenin (Cisjordânia ocupada), este sábado. O exército de Israel disse ter atingido suspeitos numa troca de tiros, mas não era claro se incluía o adolescente.

A Jihad Islâmica descreveu o adolescente como um dos seus membros e disse que ele tinha participado nos combates contra os soldados israelitas.

O ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana confirmou a sua morte, que foi condenada pelo primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh.

“Avisamos para as consequências dos crimes continuados da ocupação contra o nosso povo. Pedimos à comunidade internacional para os condenar e responsabilizar os autores da acção”, declarou Shtayyeh.

Israel aumentou as incursões na zona de Jenin desde o final de Março, depois de uma série de ataques em cidades israelitas, alguns de chamados “lobos solitários”, outros por combatentes de Jenin.

Numa destas incursões militares, a 11 de Maio, foi morta a jornalista palestiniana (com dupla nacionalidade, também norte-americana) Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera. A estação de televisão pan-árabe, o Qatar, que a detém, os outros jornalistas que estavam com Abu Akleh e a Autoridade Palestiniana culpam todos Israel pelo disparo, que dizem ter sido intencional.

Israel disse inicialmente que havia combatentes palestinianos no local e que o tiro fora provavelmente deles (o que foi desmentido pela organização israelita que monitoriza abusos nos territórios B’Tselem e pela organização de investigação com base em material em open source Bellingcat), depois admitiu que poderia ter sido um tiro de um soldado seu e finalmente anunciou que não vai investigar mais o sucedido.

À indignação pela morte da jornalista e das declarações sobre a investigação juntou-se uma carga policial sobre o cortejo fúnebre de Abu Akleh, que fez com que o caixão quase caísse no chão. Um dos palestinianos que levava o caixão foi entretanto detido, e outro interrogado, ficando em liberdade, segundo noticiou na semana passada a agência Reuters.

O aumento da violência contra palestinianos foi indicado pela deputada árabe israelita (palestiniana com cidadania israelita) Ghaida Rinawie Zoabi,​ do partido de esquerda Meretz, para o seu afastamento da coligação do Governo em Israel, que passou, por isso, a ter apenas 59 deputados em 120.

Mas a deputada disse entretanto que não gostaria de ver um regresso do antigo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao Governo, dando a entender que não votaria favoravelmente à moção de censura planeada para quarta-feira. O diário hebraico Haaretz indicava ainda que havia esforços para a trazer de volta ao grupo que apoia a coligação.

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