O acordo que nos enche de esperança

Ao longo dos próximos dias conheceremos mais detalhes sobre o acordo entre Portugal, Espanha e França para a construção de um novo gasoduto, mas quero aqui destacar é a capacidade para se chegar a ele.

Foi acordado esta semana, entre Portugal, Espanha e França a construção de um novo gasoduto, o corredor de energia verde, que vai permitir, essencialmente, apostar nas energias limpas, como é o caso do hidrogénio verde, promover a solidariedade europeia, ao possibilitar a distribuição de gás para o centro do continente e ainda garantir um uso dual, permitindo as conexões eléctricas entre a Península Ibérica e a França.

Naturalmente que será ao longo dos próximos dias que conheceremos mais detalhes sobre o referido acordo, mas o que eu quero aqui destacar é a capacidade para se chegar a ele. A importância do combate à crise climática é conhecida por todos, mas para aqueles que ainda são céticos recomendo que passem pela secção Azul do PÚBLICO, para ficarem mais esclarecidos.

Numa altura em que faltam faróis de esperança no mundo, em que a guerra é tema de abertura de conversa e telejornais, em que o Reino Unido decide sair da União Europeia e está mergulhada numa crise política em que a primeira-ministra não aguenta no cargo mais do que 45 dias sem apresentar demissão, em que as questões dos direitos humanos e os direitos das mulheres são postos em causa todos os dias, neste canto da Europa, estes três governos chegaram a um acordo que nos mostra caminhos para o futuro.

O sentido de oportunidade é fundamental para o progresso. Dos problemas saem soluções quando para elas temos vontade de olhar, de procurar e de trabalhar.

Temos sempre de ter a capacidade de ver para além do problema, de procurar ir além da espuma dos dias, e enquanto se responde com medidas no imediato para os problemas, caso essa seja a melhor solução possível, temos de ter capacidade de olhar para o futuro, saber que juntos vamos mais longe do que sozinhos e de que o futuro é coletivo, e não cada um por si.

Não ficou tudo bem com a pandemia como, ridiculamente, alguns acreditaram que ficaria. Pelos primeiros sinais que temos tido, ficou, aliás, pior. Mas aqui, na Península Ibérica, juntamente com o país que nos iluminou no passado com uma revolução assente na liberdade, na fraternidade e na igualdade, sai um acordo difícil de alcançar e que poucos acreditavam que seria possível e mais importante, sai um sinal, político e claro, de que é através da diplomacia e da capacidade de diálogo que construímos o futuro.

E não é isso que esperamos dos políticos e governantes?

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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