Guterres elogia “incrível operação humanitária” na saída de trigo da Ucrânia

Secretário-geral da ONU disse que ficou emocionado ao testemunhar a saída de um navio do Programa Alimentar Mundial do porto de Istambul, na Turquia, onde se deslocou depois de ter visitado a Ucrânia.

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António Guterres chegou a Istambul depois de passagens por Lviv e Odessa, na Ucrânia Reuters/DILARA SENKAYA

Emocionado com a partida de mais um navio do Programa Alimentar Mundial carregado com toneladas de trigo, do porto de Istambul, na Turquia, para a região do Corno de África, o secretário-geral da ONU, António Guterres, agradeceu a todos os envolvidos na “incrível operação humanitária” que tem permitido a saída dos cereais ucranianos no meio da invasão russa.

Ao mesmo tempo, Guterres temperou as boas notícias com o aviso de que falta cumprir a outra parte do acordo promovido pela ONU em Julho, na Turquia, com o apoio do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan — o acesso aos mercados globais, “sem obstáculos”, dos alimentos e fertilizantes russos, que nunca foram alvo das sanções dos EUA e da União Europeia.

“Há obstáculos e dificuldades que têm de ser ultrapassados, relacionados com o transporte, os seguros e o financiamento” para o envio dos alimentos e dos fertilizantes da Rússia, disse Guterres, numa conferência de imprensa, neste sábado, ao lado do ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.

“Sem fertilizante em 2022, pode não haver alimentos suficientes em 2023. Tirar mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é essencial para acalmar os mercados e para fazer baixar os preços para os consumidores”, alertou o secretário-geral da ONU.

Antes do início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de Fevereiro, os dois países eram responsáveis por um terço das exportações mundiais de trigo, e a Rússia é também um dos principais exportadores de fertilizantes.

Ataques no sul

No terreno, na Ucrânia, várias crianças terão ficado feridas na sequência de um ataque com mísseis contra um edifício de habitação na região de Mykolaiv, no sul do país, noticiou a BBC neste sábado.

Segundo a jornalista ucraniana Myroslava Petsa, cinco adultos e quatro crianças e adolescentes, dos três aos 17 anos, ficaram feridos com gravidade. Uma das crianças terá perdido um olho, uma informação também avançada pela Nexta, uma agência noticiosa fundada por um dissidente bielorrusso.

Os mísseis terão atingido um edifício de cinco andares em Voskresenske, uma cidade que fica a 30 quilómetros da central nuclear de Pivdennoukrainsk, a segunda maior da Ucrânia.

Segundo o jornal Kyiv Independent, foi também registada, neste sábado, uma explosão na cidade de Sevastopol, na Crimeia — a península ucraniana ocupada pela Rússia desde 2014.

A “poderosa explosão” terá acontecido perto do quartel-general da frota russa no mar Negro, segundo a organização que representa os tártaros da Crimeia, a Mejlis, ilegalizada pela Rússia em 2016.

O governador de Sevastopol nomeado pela Rússia, o russo Mikhail Razvozhayev, disse que um drone atingiu o telhado do quartel-general, sem causar feridos.

Armas a caminho

Entretanto, os Estados Unidos já começaram a enviar para a Ucrânia um novo pacote de armamento — o 19.º desde o início da invasão russa, em finais de Fevereiro —, desta vez com a particularidade de incluir equipamento destinado ao possível lançamento de um contra-ofensiva ucraniana em Kherson, no sul do país.

Segundo o Departamento de Defesa norte-americano, os combates nas regiões de Kherson e de Donetsk chegaram a um ponto de indefinição, com os russos a não conseguirem avançar de forma significativa, e com os ucranianos a serem incapazes de rechaçar a mais recente ofensiva do Exército russo no Leste da Ucrânia.

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