Dúvida: como ser festivaleiro e amigo do ambiente?

Os festivais de Verão voltaram com força, alguns nas grandes cidades, outros em zonas mais isoladas do país. A mobilidade, a alimentação e os resíduos são três áreas que fazem a diferença para quem visita estes eventos e deseja minimizar a sua pegada ecológica.

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Festival Boom: parte do desempenho ambiental dos festivaleiros depende da estrutura do próprio festival Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

Os meses quentes dos festivais de Verão já começaram. Para trás, ficaram eventos como o Primavera Sound (no Porto) e o Rock in Rio (em Lisboa). Mas há ainda muita música para ouvir e encontros para viver. Em Algés, está a decorrer o Nos Alive; e o RFM Somnii começa hoje na Figueira da Foz. Nas próximas semanas, um pouco por todo o país, haverá vários festivais como o Summer Opening, o Super Bock Super Rock, o Festival Músicas do Mundo, o Boom Festival, o Meo Sudoeste, o Sonic Blast, o Paredes de Coura, o Andanças, o EDP Vilar de Mouros, o Entremuralhas, o Kalorama e o Jardim Sonoro, entre tantos outros.

A forma como se participa nestes eventos depende de cada pessoa, a sua situação económica, geográfica, e depende também do festival, da sua organização e da sua localização. O exemplo mais óbvio é o deslocamento até aos festivais. Para quem vive no Porto, é possível ir apenas uma noite ao Primavera Sound, começando e terminando o dia na sua própria casa. Mas um habitante de Faro que queira ir a Paredes de Coura, no Minho, provavelmente quererá aproveitar os vários dias do festival, ficando a dormir lá. Tudo isto entra na equação para quem quiser minimizar a pegada ecológica.

Há três aspectos importantes quando se pensa na forma de participar num festival e no impacto ambiental que se vai ter, adianta Susana Fonseca, vice-presidente da associação ambientalista Zero: “A prevenção de resíduos, a mobilidade e as opções alimentares.” É a partir daqui que se podem fazer escolhas mais ou menos sustentáveis.

Em relação à mobilidade, “o ideal será que se procure deslocar de transportes públicos até ao festival”, diz a ambientalista. Apesar de haver alguns festivais que apresentam alternativas de viagem em transportes públicos, como o Super Bock Super Rock, no Meco, ou o Andanças, em Reguengos de Monsaraz, nem sempre essa opção é possível. Nesse caso, para quem vai de carro, uma possibilidade para diminuir o impacto das emissões será partilhar o carro com mais pessoas, sugere Susana Fonseca.

Durante o festival, há formas de evitar a produção de resíduos, como usar copos reutilizáveis, algo que é cada vez mais comum nos festivais. Quem vai acampar poderá também levar objectos reutilizáveis como pratos, talheres e copos. Nas situações em que é necessário deitar algo para o lixo, é importante ter “o cuidado de respeitar as regras da colocação dos resíduos”, adianta a ambientalista.

Quanto à alimentação, Susana Fonseca apela à escolha de pratos vegetarianos, que têm um impacto ambiental menor do que os pratos que contêm carne. Outro consumo a ter em conta é o da água. “Estamos a atravessar um momento difícil em termos hídricos”, recorda. “É importante evitar o desperdício de água nos banhos.”

O Boom Festival, que tem um pensamento ambiental e cujo tema da sua 25ª edição, a realizar em Julho, será o Antropocénico, avisa que este ano irá haver limitações hídricas. “A água para banhos será limitada a algumas horas”, lê-se no site. Este é um ponto importante que Susana Fonseca realça, o da estrutura de cada festival.

“Uma boa parte do desempenho ambiental dos festivaleiros é condicionada pela forma como o festival está organizado”, diz a ambientalista, oferecendo dicas como a colocação de bebedouros onde as pessoas possam encher copos ou garrafas de água, a existência de sanitas secas, evitando o gasto de água, a oferta de pratos vegetarianos e a disponibilização de transportes, diminuindo a afluência dos carros aos recintos.

Mas também aqui há um papel que os festivaleiros podem ter, segundo a ambientalista: expressar um desejo de transformação. “Dar o sinal a quem está a organizar, ter os consumidores a dizer que querem as coisas de forma diferente, é a maneira mais eficaz de haver uma mudança”, afirma.

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