Junho foi o terceiro mês mais quente registado no mundo

Europa teve o segundo mês de Junho mais quente, de acordo com boletim do Serviço de Alterações Climáticas do Copérnico. Um outro relatório do IPMA refere ainda que o período entre Outubro de 2021 e Junho de 2022 foi o segundo mais seco em Portugal.

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Os Estados Unidos e a Europa atravessaram ondas de calor em Junho JORDAN VONDERHAAR/Reuters

O mês de Junho deste ano foi o terceiro Junho mais quente a nível global desde que há registos, de acordo com um boletim do Serviço de Alterações Climáticas do Copérnico publicado nesta quinta-feira. Ao longo do mês passado, a temperatura média global foi cerca de 0,31 graus Celsius acima da média entre 1991 e 2020.

Parte destas temperaturas altas deveu-se a ondas de calor que afectaram a Europa, o Japão e os Estados Unidos. O boletim explica que estas ondas de calor, apesar de excepcionais, estão dentro das previsões do último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). “De acordo com o IPCC, o aumento da frequência e da intensidade das ondas de calor pode ser atribuído às alterações climáticas induzidas pela actividade humana e é esperado que continue no futuro, à medida que o clima for aquecendo a nível global”, lê-se no boletim gerado por aquela instituição.

Embora estas regiões tenham sofrido um calor fora do comum, e o mês tenha sido muito quente a nível global, o clima nunca é uniforme e regiões como a Gronelândia e grande parte da América do Sul tiveram um Junho mais frio do que o normal.

Na Europa, as ondas de calor ao longo do mês passado fustigaram principalmente a Espanha, a Itália e a França. O continente europeu teve o segundo Junho mais quente de sempre, com as temperaturas a atingirem 1,6 graus acima da média em relação ao valor normal entre 1991 e 2020. As altas temperaturas que ocorreram a nível europeu não foram um fenómeno isolado. Desde o início da década de 1970, a temperatura à superfície para o mês de Junho aumentou ao dobro do ritmo nas regiões terrestres extratropicais do Hemisfério Norte, como a Europa, em comparação com o resto do globo.

“Espera-se que as ondas de calor como as observadas este ano sejam mais frequentes e severas nos próximos anos, tanto na Europa como em regiões mais distantes”, explica Carlos Buontempo, director do Serviço de Alterações Climáticas do Copérnico, um dos seis serviços de informação do Programa de Observação Terrestre do Copérnico, cuja missão é fornecer informação consistente e segura sobre as alterações climáticas para apoiar as políticas de adaptação e mitigação da União Europeia. “É especialmente importante tornar a informação disponível para o público, para que qualquer pessoa possa monitorizar estas tendências e se preparar melhor para o que vem aí”, acrescenta o responsável.

Seca em Portugal

Além das ondas de calor que já em Julho estão a atingir os Estados Unidos e partes da Europa, também Portugal está sob aviso amarelo e laranja por causa do calor. Esta quinta-feira, prevê-se para o território continental o início de uma onda de calor que irá durar pelo menos até 14 de Julho. Haverá dias que poderão ultrapassar 40 graus Celsius em certas regiões do país e as noites serão tropicais, em que a temperatura não descerá abaixo dos 20 graus.

Estas temperaturas tenderão a intensificar a seca no país, que no final do mês de Junho já estava numa situação de seca moderada em 3,7% do território continental, seca severa em 67,9% do território e seca extrema em 28,4%, de acordo com um outro boletim divulgado esta quarta-feira pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“O valor da quantidade de precipitação acumulada desde 1 de Outubro 2021 até 30 de Junho de 2022 foi de 416,1 milímetros e corresponde a 51% do valor normal, sendo o segundo valor mais baixo desde 1931”, acrescenta ainda o IPMA no seu Boletim Climático Portugal Continental relativo a Junho.

O mês de Junho em Portugal foi quente e seco, segundo o documento. “O valor médio da temperatura média do ar, 20,40 graus, foi 0,98 graus superior ao valor normal no período de 1971 a 2000”, lê-se no relatório. No entanto, este valor está longe de bater recordes. Como termo de comparação, desde 1931 houve 22 anos em que a temperatura média do ar para Junho ultrapassou um grau em relação ao valor normal.

Em relação à precipitação, a quantidade de chuva que caiu em Junho foi de 22,1 milímetros no total, o que é 69% abaixo do valor normal para aquele mês face ao período entre 1971 e 2000. No entanto, esta tendência não foi uniforme no território, havendo mais chuva na região do litoral Norte e Centro e menos na região interior Norte e Centro, e na região Sul.

De qualquer forma, a escassez de chuva durante o mês passado levou ao aumento da percentagem do território em situação de seca extrema de 1,4% (a 31 de Maio) para 28,4% (a 30 de Junho). Apenas 2005 e 2012 apresentaram registos piores do que a crise hídrica actual. Nesses dois anos, no final de Junho, mais de metade do território continental encontrava-se em situação de seca extrema.

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