Varíola-dos-macacos: Portugal tem mais cinco casos confirmados, são já 143

A Direcção-Geral da Saúde confirma que houve mais cinco pessoas infectadas. Casos continuam a registar-se maioritariamente na região de Lisboa e Vale do Tejo.

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Imagem de microscopia colorida do vírus da varíola-dos-macacos: a amostra foi recolhida em 2003 no surto nos EUA CDC

São mais cinco pessoas infectadas em Portugal com varíola-dos-macacos (conhecida também como vírus monkeypox, ou VMPX). A Direcção-Geral da Saúde comunicou esta sexta-feira que são já 143 casos confirmados em território português, mantendo-se todos os infectados estáveis e com acompanhamento clínico.

Os casos confirmados estão, na sua maioria, localizados na região de Lisboa e Vale do Tejo, existindo também pessoas infectadas no Norte e no Algarve. O caso confirmado mais jovem tem agora 19 anos. Todos os infectados são homens, a maioria abaixo dos 40 anos, o que não significa que esta é uma doença exclusiva de homens. Existem vários casos confirmados de mulheres infectadas no surto actual (como em Espanha, Estados Unidos, República Checa ou Suíça). Em 2003, no surto nos Estados Unidos, a maioria dos casos confirmados era em mulheres.

Somam-se neste momento mais de 800 casos confirmados em países não endémicos para a doença, continuando Portugal a ser o país com mais infectados por milhão de habitantes. Espanha e Reino Unido completam o pódio no número absoluto de pessoas infectadas. Os britânicos já confirmaram 207 casos e os espanhóis 156. Juntamente com Portugal, os três países comportam quase dois terços de todos os casos confirmados em países em que a varíola-dos-macacos não é endémica.

Neste momento, existem quase 30 países (onde o vírus não estava anteriormente presente) com pessoas infectadas. Esta semana houve novos casos confirmados em vários países que nunca tinham tido, até agora, qualquer caso de VMPX: Hungria, Letónia, Malta, Marrocos e Noruega.

OMS reúne -se para incentivar investigação

Esta quinta e sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza um painel dedicado à investigação científica sobre o VMPX. Durante o primeiro dia, na quinta-feira, foram apresentados alguns resultados iniciais das observações dos primeiros casos confirmados, mas os principais destaques estiveram nos debates entre cientistas.

Maria van Kerkhove, epidemiologista da OMS, afirmou que ainda não são conhecidos os factores que contribuíram para a disseminação do vírus. “Há muita especulação. Isto não é tipicamente o que vimos no passado”, disse. “A transmissão entre humanos já está a ocorrer, provavelmente há meses”, acrescentou a epidemiologista.

Um dos tópicos mais abordados foi a distribuição equitativa de financiamento, potenciais vacinas de terceira geração e de investigação científica entre todos os países. Também Van Kerkhove apontou a uma resposta global: “Precisamos de uma resposta rápida, precisamos de responder nos países endémicos também. E precisamos de responder rapidamente para que o VMPX não se estabeleça na nossa comunidade”, sublinhou.

“Temos todo este interesse biotecnológico agora porque está a acontecer em países com altos rendimentos. Mas como podemos garantir que estes ganhos científicos são aplicados em populações que precisam disto mais consistentemente na região de África subsariana?”, questionou Daniel Bausch, director da FIND, uma organização global para diagnóstico terapêutico.

As prioridades alicerçadas ao longo do primeiro dia deste painel foram, numa primeira fase, na vigilância, na definição das dinâmicas de transmissão e nas características do vírus (através da utilização dos mesmos parâmetros na sequenciação genómica, por exemplo).

Houve ainda a nota de que a OMS está a discutir a renomeação das duas variantes do vírus – a da bacia do Congo e a de África Ocidental , devido a potenciais efeitos discriminatórios na associação do vírus a determinadas regiões.

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