Macron escolhe novos ministros para os Negócios Estrangeiros e para a Defesa

Depois da eleger de Elisabeth Borne para primeira-ministra, o Presidente francês anuncia mudanças na liderança de dois ministérios importantes do Governo. Educação, Saúde, Ambiente, Trabalho e Cultura também têm novas caras.

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A escolha mais surpreendente é a de Pap Ndiaye, director do Museu Nacional da História da Imigração, para ministro da Educação CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

A primeira remodelação governamental desde a vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais de Abril, em França, quando derrotou Marine Le Pen, inclui novas caras na chefia das pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, entre outras, revelou esta sexta-feira o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

Depois de ter anunciado, na segunda-feira, a nomeação da “tecnocrata” Elisabeth Borne (ex-ministra do Trabalho) para o cargo de primeira-ministra, o Presidente escolheu Catherine Colonna para os Negócios Estrangeiros e Sébastien Lecornu para a Defesa.

O trabalho levado a cabo pelos dois ministérios conquistou um elevado e reforçado grau de importância nos últimos meses devido à invasão russa da Ucrânia.

Colonna vem do corpo diplomático francês e ocupava desde 2019 o cargo de embaixadora de França no Reino Unido, tendo desempenhado um papel importante num dos períodos mais tensos das relações entre os dois países, por causa das divergências relacionadas com o “Brexit”.

Exerceu outros cargos diplomáticos em Itália, Estados Unidos e Bélgica, entre outros países; foi secretária de Estado dos Assuntos Europeus entre 2005 e 2007, na presidência de Jacques Chirac; e foi porta-voz do ex-Presidente conservador durante nove anos.

Aos 66 anos, Colonna substitui o ex-socialista Jean-Yves Le Drian, um dos ministros mais experientes do Governo de Macron, sendo vista como uma escolha destinada a melhorar as relações entre o poder político e o serviço diplomático francês.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros não está num bom estado, psicologicamente”, assume à Reuters Jean de Gliniasty, antigo embaixador francês na Federação Russa.

Quanto a Lecornu, um tenente na reserva de 35 anos, é descrito pelo Le Monde e pelo Le Figaro como um “aliado” e um político “fiel” a Emmanuel Macron.

Ocupava desde 2020 o cargo de ministro do Ultramar e, antes disso, ajudou a coordenar o “grande debate” nacional promovido pelo Presidente para responder ao longo período de protestos do movimento dos “coletes amarelos”.

Bruno Le Maire (Finanças), Gérald Darmanin (Interior) e Éric Dupond-Moretti (Justiça) mantêm os respectivos cargos no Governo – num relevante sinal de continuidade dado por Macron –, mas há mais mudanças assinaláveis noutras pastas.

Brigitte Bourguignon foi escolhida para a Saúde; Pap Ndiaye para a Educação; Olivier Dussopt para o Trabalho; Amélie de Montchalin para o Ambiente; Rima Abdul-Malak para a Cultura; Marc Fesneau para a Agricultura; e Agnes Pannier-Runacher para a Energia. Olivia Grégoire será a porta-voz do Governo.

Entre estas nomeações, a escolha mais surpreendente é a de Ndiaye, um historiador especialista em minorias étnicas e movimentos de direitos civis de França e dos Estados Unidos, que exercia o cargo de director do Museu Nacional da História da Imigração, em Paris, e que defendeu, numa entrevista à AP, que os “franceses estão altamente relutantes em olhar para as dimensões sombrias da sua própria História”.

O Presidente francês espera que estas mudanças no Governo possam ajudar a mobilizar os eleitores, particularmente à esquerda, para que votem no Juntos – a coligação de três partidos, liderada pelo Renascimento (ex-República em Marcha), de Macron – nas eleições legislativas agendadas para 12 (primeira volta) e 19 (segunda volta) de Junho.

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