Palcos da semana

Lisboa tem O Bando num Paraíso, faz check-in nos Amores de Leste do Hotel Europa e assiste à cobiça do corpo dançada por Alexandra Bachzetsis. Ao Porto vai a Menina Júlia do Público Reservado, enquanto Matt Elliott canta em cinco cidades.

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O Bando fecha a trilogia dantesca com Paraíso Rita Santana
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A coreógrafa Alexandra Bachzetsis vem mostrar 2020: Obscene Melanie Hofmann
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Renata Portas encena Menina Júlia com o Público Reservado João Tuna
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Matt Elliott traz a melancolia de Farewell to All We Know DR
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O Hotel Europa estreia Amores de Leste em Portugal Tom Dachs

O Bando num Paraíso em suspensão

Em 2017, O Bando lançou-se à Divina Comédia, de Dante Alighieri, e deixou-se atravessar por ela. Começou por descer ao Inferno por uma escadaria em espiral. Dois anos depois, montou um Purgatório, com as suas “afuniladas pontes”, lembra. Agora, ao embalo do 700.º aniversário da morte do autor italiano (assinalado em 2021), atinge uma anunciada “suspensão flutuante” no Paraíso. Com encenação de João Brites e texto de Miguel Jesus, a terceira parte da empreitada entrega os papéis principais a Pedro Gil e Sara Belo, e junta ao elenco uma “surrealista banda de sopros que mistura o corpo das/os instrumentistas com os instrumentos como se fosse a obra inacabada de um ceramista louco”. A peça estreia-se no D. Maria II, que a co-produz com o grupo, e parte depois para Coimbra (5 de Março) e Palmela (10 a 13 de Março).

Bachzetsis em (obs)cena

Joga-se entre os significados de “cena” e “obscena”, para explorar “a encenação do corpo excessivo e o seu consumo pelo olhar cobiçoso e a esmagadora textualidade”, através de uma “interrupção radical de formatos, gestos, padrões culturais e arquétipos”. Assim se apresenta 2020:Obscene, a performance que traz de volta a Portugal a coreógrafa e bailarina Alexandra Bachzetsis, figura de proa da dança europeia que já esteve por cá com Private: Wear a Mask When You Talk to Me ou Private Song. O novo espectáculo dá-lhes seguimento, na medida em que continua a usar o movimento para problematizar questões de género e identidade sexual. A criadora é também intérprete, ao lado de Owen Ridley-DeMonick, Tamar Kisch e Sotiris Vasiliou.

Menina Júlia em queda livre (e poética)

Quer ser algo como “um baile iniciático entre A Ronda de Schnitzler e os Miúdos de Larry Clark”. Recorre à poesia de Caio Gabriel e Roberto Piva. E constrói-se como “uma ode à sensibilidade, à beleza e à queda livre”. É assim que a encenadora Renata Portas descreve a sua abordagem a Menina Júlia, a obra-prima que August Strindberg escreveu em 1888 e foi censurada na época pelo conteúdo considerado chocante. Trata de emancipação e lutas – de classes e sexos. É levada à cena pela companhia Público Reservado, a desafio do Teatro Nacional São João.

As cinco sombras de Elliott

Adiado pela pandemia, o regresso de Matt Elliott concretiza-se agora e dá direito a uma minidigressão de cinco datas em solo luso. O cantautor de Bristol, que durante muito tempo conhecemos como The Third Eye Foundation, traz na bagagem a folk negra de Farewell to All We Know, o novo álbum a solo, lançado em 2020. As electrónicas ensaiadas naquela outra vida não podiam estar mais distantes. Aqui está uma colecção de canções de beleza mergulhada em atmosferas sombrias e melancólicas, para ouvir entre um Cohen, um Nick Cave e um copo de vinho.

Hotel Europa a Leste

Portugal Não É Um País Pequeno, Passa-Porte, Libertação, Amores Pós-Coloniais, O Fim do Colonialismo Português e Os Filhos do Colonialismo são títulos que fazem parte do portefólio do Hotel Europa, companhia que tem apostado num teatro documental que convoca histórias de vida afectadas por ditaduras. Amor, família e política tornam a servir de vértices para a nova peça, Amores de Leste. Desta vez, é uma viagem ao encontro “de pessoas que viveram do outro lado da Cortina de Ferro, enquanto combatiam pelo fim da ditadura e do colonialismo portugueses”, anuncia o grupo. A medição desse impacto (e da sua diversidade) é feita a partir de vivências reais, relatadas na primeira pessoa e em várias línguas pelos actores em palco. Lisboa acolhe a estreia nacional da peça, depois da absoluta, em Novembro passado, no festival alemão Euro-scene Leipzig.

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