Squid Game fez aumentar o interesse em aprender coreano

Houve um aumento de 76% em novos utilizadores interessados em aprender sul-coreano no Reino Unido, comunicou a Duolingo, e 40% nos Estados Unidos. Isto só nas duas semanas que se seguiram à estreia da série.

Foto
DR

O interesse em aprender coreano tem aumentado desde o lançamento de Squid Game, série da Netflix, segundo plataformas de aprendizagem de línguas, que destacam uma obsessão crescente e global com a cultura sul-coreana, desde o entretenimento a produtos de beleza.

A aplicação de línguas Duolingo disse que o thriller de nove episódios, no qual concorrentes sem dinheiro participam em jogos infantis potencialmente mortais numa tentativa de ganhar 45,7 mil milhões de won (cerca de 33 milhões de euros), impulsionou principiantes e estudantes de línguas a melhorar os seus conhecimentos em sul-coreano. Houve um aumento de 76% em novos utilizadores interessados em aprender sul-coreano no Reino Unido, comunicou a Duolingo, e 40% nos Estados Unidos. Isto só nas duas semanas que se seguiram à estreia da série.

A Coreia do Sul, a quarta maior economia da Ásia, estabeleceu-se como um centro global de entretenimento graças à sua cultura pop vibrante, incluindo a boysband BTS, composta por sete membros, e filmes vencedores de Óscares como Parasitas (2019, Bong Joon-ho), uma comédia negra sobre desigualdade profunda, e Minari (2020, Lee Isaac Chung), sobre uma família de imigrantes sul-coreanos nos Estados Unidos.

Só esta semana, o Dicionário de Inglês Oxford acrescentou 26 novas palavras de origem coreana à sua última edição, incluindo, hallyu, ou invasão coreana, o termo usado internacionalmente para descrever o sucesso da música, do cinema, da TV, da moda e da comida da Coreia do Sul. Esta semana, o Presidente Moon Jae-in saudou estas novas entradas, chamando ao alfabeto coreano, Hangeul, o “soft power do país”.

“A língua e a cultura estão intrinsecamente ligadas e o que acontece na cultura popular e nos média influencia, frequentemente, as tendências na língua e na aprendizagem da mesma”, disse o porta-voz da Duolingo, Sam Dalsimer. “A popularidade global e crescente da música, do cinema e da televisão coreanas está a aumentar a procura na aprendizagem de coreano.”

Há perto de 77 milhões de falantes de coreanos em todo o mundo, de acordo com a Fundação Coreana para o Intercâmbio Cultural Internacional. A Duolingo, sediada em Pittsburgh, nos Estados Unidos, tem mais de 7,9 milhões de utilizadores activos a aprender coreano, a língua com maior crescimento na aplicação depois do hindi.

O King Sejong Institute, sob a alçada do Ministério da Cultura sul-coreano, teve perto de 76 mil estudantes em 82 países, em 2020, o que representou uma rápida expansão desde 2007, quando contabilizava 740 estudantes de três países.

Milica Martinovic, uma estudante do Sejong Institute na Rússia, disse que procurou conhecer a fundo a língua para poder ver filmes e séries coreanos sem legendas e ouvir k-pop sem precisar de traduzir as letras.

Para Catarina Costa, portuguesa de 24 anos a viver em Toronto, no Canadá, esta língua tornou-se mais popular desde que a começou a aprender, há dois anos. Na altura, a maior parte dos seus amigos não entendia o porquê. “As pessoas ficam fascinadas quando digo que estou a aprender coreano”, realça Catarina, que utiliza a plataforma de e-learning Talk To Me In Korean.

Esta plataforma tem 1,2 milhões de estudantes de coreano em 190 países, que estão a aprender palavras recentemente acrescentadas ao Dicionário Inglês de Oxford, como kimbap, um prato de arroz cozido embrulhado em algas, mukbang, um tipo de vídeo, sobretudo partilhado via livestreaming, que mostra alguém a ingerir uma quantidade grande de comida, e manhwa, o tipo de desenhos animados e livros de banda desenhada coreana.

“Há milhares de pessoas que queriam aprender coreano mesmo antes do sucesso de Squid Game ou da loucura dos BTS. Mas faziam-no de forma solitária”, referiu Sun Hyun-woo, que fundou a Talk To Me In Korean. “Agora são parte de um fenómeno global: aprender coreano tornou-se num passatempo muito mais fixe.”

Sugerir correcção
Comentar