Canadá classifica Proud Boys como organização terrorista

Grupo de extrema-direita figura agora na “lista de terror” do país. Proud Boys desempenharam papel principal na invasão ao Capitólio dos EUA em Janeiro.

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Grupo foi um dos principais disseminadores de informação falsa favorável a Trump Kevin Mohatt/Reuters

O Canadá colocou os Proud Boys, grupo de extrema-direita, na lista de organização terroristas, a par com outros 12 grupos extremistas que merecem especial atenção das autoridades. O braço armado do movimento neonazi passa agora a ser equiparado ao Daesh e à Al-Qaeda, permitindo ainda às autoridades classificar os crimes perpetrados pelos seus membros como actos de terror, bem como proceder a apreensões de dinheiro que se suspeitem terem ligações a actividades ilícitas.

O ministro de Segurança Pública canadiano, Bill Blair, alerta que tem sido detectado um aumento de violência no seio do grupo desde 2018, considerando que os Proud Boys — e 12 outros grupos acrescentados à lista de organizações terroristas identificadas pelo país — são “intolerantes, detestáveis e altamente perigosos”.

O grupo de extrema-direita foi um dos principais responsáveis pela invasão feita ao Capitólio em Janeiro passado, acto de sedição incitado pelo então presidente norte-americano Donald Trump. Este acto de terrorismo interno é uma das justificações que constam na descrição do grupo no site oficial do Ministério da Segurança Pública. Com as mais recentes adições, a “lista de terror” canadiana conta agora com 72 organizações.

“No dia 6 de Janeiro de 2021, os Proud Boys desempenharam um papel vital na insurreição no Capitólio dos Estados Unidos. Os líderes deste grupo planearam a sua participação [no ataque] ao definirem objectivo, emitirem ordens e moverem membros. O líder dos Proud Boys foi detido dois dias antes da insurreição, num esforço das autoridades norte-americanas para deterem indivíduos que planeavam viajar para Washington, D.C. com intenções de causarem violência”, descreve o ministério.

Além dos incidentes de violência que se seguiram à eleição de Joe Biden, os Proud Boys foram também um dos principais disseminadores nas redes sociais das informações falsas que apontavam para uma alegada fraude eleitoral como razão para a derrota de Trump. O ex-presidente dos Estados Unidos chegou mesmo a fazer menção ao grupo neonazi durante os debates: quando questionado sobre se estava pronto a condenar e afastar-se definitivamente dos grupos racistas e da extrema-direita, o republicano disse que os Proud Boys deveriam recuar e manter-se “a postos”.

Os Proud Boys foram ainda um dos grupos que participaram na manifestação da extrema-direita em Charlotesville, em Agosto de 2017. Num desfile de neonazis e supremacistas brancos, baptizado com o nome Unite the Right, uma manifestante foi atropelada mortalmente por um dos manifestantes de extrema-direita.

O líder deste grupo, Enrique Tarrio, foi detido na véspera das manifestações pró-Trump em Washington, D.C., acusado de posse ilegal de armas. Antes de ser detido pela polícia, o responsável dos Proud Boys entrou numa igreja frequentada maioritariamente por afro-americanos, roubando uma bandeira do movimento Black Lives Matter, que viria a queimar. Estes actos foram admitidos pelo próprio numa entrevista ao The Washington Post. Quando Tarrio foi interceptado, estava na posse de carregadores de munições ilegais.

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