Iraque emite mandado de captura contra Donald Trump

Em causa, o ataque ordenado pelo Presidente cessante dos Estados Unidos contra o comandante Abu Mahdi al-Muhandis, assassinado juntamente com o general iraniano Qassem Soleimani em Janeiro do ano passado.

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Protestos em Bagdad para assinalar um ano do assassínio de Qassem Soleimani e Abu Mahdi al-Muhandis AHMED JALIL/EPA

Um tribunal iraquiano emitiu esta quinta-feira um mandado de captura contra Donald Trump no âmbito da investigação à morte do comandante Abu Mahdi al-Muhandis em Janeiro de 2020.

O vice-comandante das Forças de Mobilização Popular, um grupo que junta várias milícias iraquianas, algumas delas apoiadas pelo Irão, foi assassinado no Iraque num ataque com drones ordenado por Donald Trump ao Aeroporto de Bagdad, que causou a morte do general iraniano Qassem Soleimani.

Al-Muhandis, de acordo com um perfil do diário britânico The Guardian, era considerado um importante líder xiita no Iraque pós-Saddam Hussein, tendo desempenhado um papel fundamental no combate ao Daesh.

Na década de 1980, escapou a uma condenação à morte no Kuwait, depois de ter sido responsabilizado por atentados às embaixadas norte-americana e francesa em 1983. Depois, viveu vários anos no Irão, onde combateu ao lado do regime, regressando ao Iraque após a queda de Saddam Hussein, onde contribuiu para aumentar a influência das milícias apoiadas por Teerão.

Al-Muhandis acabou por morrer no ataque ordenado por Trump para matar Qassem Soleimani, comandante das Forças al-Quds, tendo o Presidente cessante dos Estados Unidos dito na altura, citado pela AFP, que conseguiu matar “dois homens pelo preço de um”.

As autoridades iraquianas estão a investigar a morte dos dois comandantes no Iraque e o tribunal de Bagdad emitiu o mandado de captura pelo crime de homicídio premeditado. De acordo com a lei iraquiana, está prevista a pena de morte para o crime em causa, caso o mesmo seja comprovado em tribunal. 

No entanto, dificilmente Donald Trump será julgado no Iraque, e o mandado de captura tem sobretudo um valor simbólico.

Em Junho do ano passado, também o Irão emitiu um mandado de captura contra Donald Trump devido ao assassínio de Soleimani e pediu à Interpol para ajudar a deter o Presidente cessante dos Estados Unidos.

O pedido, contudo, não teve qualquer seguimento, o que levou Teerão a emitir um segundo mandado de captura no início desta semana, cujo desfecho deverá ser semelhante ao primeiro, tal como deve acontecer com o mandado emitido pelo tribunal de Bagdad. 

Os assassínios de Abu Mahdi al-Muhandis e Qassem Soleimani levaram a uma escalada de tensão entre Irão e Estados Unidos e colocado os dois países à beira de um conflito de maior escala. Além disso, agravou a relação entre Bagdad e Washington.

No passado fim-de-semana, assinalou-se um ano do ataque ordenado por Donald Trump contra os comandantes no Iraque, e milhares de pessoas marcharam em Bagdad, entoando cânticos contra os Estados Unidos.

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