Suécia aprova maior orçamento militar dos últimos 70 anos devido a ameaça da Rússia
Ministro da Defesa disse que existe uma “nova situação de segurança geopolítica” causada pelas ambições da Rússia na região, particularmente no mar Báltico.
O Parlamento da Suécia aprovou um aumento de 40% no orçamento militar para os próximos quatro anos, naquele que é o maior investimento do país em Defesa desde a década de 1950, justificado pelo Governo devido à ameaça da Rússia na região.
A proposta apresentada em Outubro pelo executivo liderado por Stefan Löfven foi aprovada pelos 349 deputados do Parlamento sueco na terça-feira, noticia a AP. Para tal, o Governo minoritário de centro-esquerda, constituído pelo Partido Social-Democrata e pelos Verdes, contou com o apoio parlamentar do Partido do Centro e dos Liberais.
O orçamento militar prevê um aumento superior a 11 mil milhões de euros entre 2021 e 2025 e deve-se aos “indícios de que as capacidades militares da Rússia aumentem ao longo dos próximos dez anos”.
Quando apresentou a proposta há dois meses, o ministro da Defesa da Suécia, Peter Hultqvist salientou que a segurança da região “deteriorou-se ao longo do tempo” devido às “acções da Rússia” e que, por isso, “um ataque armado à Suécia não pode ser descartado”.
“Temos uma situação em que o lado russo está disposto a usar meios militares para atingir objectivos políticos”, justificou Hultqvist. “Com base nisso, temos de lidar com uma nova situação de segurança geopolítica”, acrescentou.
O Governo sueco sublinhou que um maior orçamento militar é uma resposta à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e de partes da Geórgia em 2008, assim como à actividade russa na Ucrânia ou na Bielorrússia.
Estocolmo acusa ainda Moscovo de aumentar a sua actividade no mar Báltico – em Setembro, as autoridades suecas disseram que dois navios de guerra russos entraram nas suas águas sem permissão – e de violar repetidamente o espaço aéreo sueco.
Com o reforço militar, a Suécia espera ver o contingente das suas Forças Armadas aumentar de 55 mil para 90 mil pessoas até 2030. Vários regimentos dissolvidos serão restabelecidos e o número de recrutas vai aumentar para oito mil anualmente – o dobro do que se registou em 2019. A Marinha sueca receberá novos equipamentos e o armamento será actualizado.
Com o final da Guerra Fria a Suécia desinvestiu na sua Defesa, um paradigma que tem vindo a mudar nos últimos anos e que já levou Estocolmo a comprar o sistema de mísseis antiaéreos Patriot aos Estados Unidos.
Acresce que a Suécia não faz parte da NATO, apesar de manter boas relações com os países que compõem a aliança atlântica. Até agora, o país gastava 1,1% do seu PIB em Defesa – a NATO sugere que os seus membros gastem cerca de 2%, apesar de nem todos cumprirem essa meta.
Antes do maior aumento orçamental militar dos últimos 70 anos, a Suécia já vinha dando sinais de querer apostar na sua Defesa. Em 2017, criou o seu primeiro regimento militar desde a II Guerra Mundial, estabelecendo uma unidade com 350 soldados enviada para a ilha de Gotland, no mar Báltico. No mesmo ano, o país reintroduziu o serviço militar obrigatório para um número limitado de homens e mulheres.