Suécia aprova maior orçamento militar dos últimos 70 anos devido a ameaça da Rússia

Ministro da Defesa disse que existe uma “nova situação de segurança geopolítica” causada pelas ambições da Rússia na região, particularmente no mar Báltico.

Foto
Exercícios da NATO no Mar Báltico em 2019. Suécia não faz parte da organização, mas partilha preocupação com a ameaça da Rússia Valda Kalnina/EPA

O Parlamento da Suécia aprovou um aumento de 40% no orçamento militar para os próximos quatro anos, naquele que é o maior investimento do país em Defesa desde a década de 1950, justificado pelo Governo devido à ameaça da Rússia na região.

A proposta apresentada em Outubro pelo executivo liderado por Stefan Löfven foi aprovada pelos 349 deputados do Parlamento sueco na terça-feira, noticia a AP. Para tal, o Governo minoritário de centro-esquerda, constituído pelo Partido Social-Democrata e pelos Verdes, contou com o apoio parlamentar do Partido do Centro e dos Liberais.

O orçamento militar prevê um aumento superior a 11 mil milhões de euros entre 2021 e 2025 e deve-se aos “indícios de que as capacidades militares da Rússia aumentem ao longo dos próximos dez anos”.

Quando apresentou a proposta há dois meses, o ministro da Defesa da Suécia, Peter Hultqvist salientou que a segurança da região “deteriorou-se ao longo do tempo” devido às “acções da Rússia” e que, por isso, “um ataque armado à Suécia não pode ser descartado”.

“Temos uma situação em que o lado russo está disposto a usar meios militares para atingir objectivos políticos”, justificou Hultqvist. “Com base nisso, temos de lidar com uma nova situação de segurança geopolítica”, acrescentou.

O Governo sueco sublinhou que um maior orçamento militar é uma resposta à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e de partes da Geórgia em 2008, assim como à actividade russa na Ucrânia ou na Bielorrússia.

Estocolmo acusa ainda Moscovo de aumentar a sua actividade no mar Báltico – em Setembro, as autoridades suecas disseram que dois navios de guerra russos entraram nas suas águas sem permissão – e de violar repetidamente o espaço aéreo sueco.

Com o reforço militar, a Suécia espera ver o contingente das suas Forças Armadas aumentar de 55 mil para 90 mil pessoas até 2030. Vários regimentos dissolvidos serão restabelecidos e o número de recrutas vai aumentar para oito mil anualmente – o dobro do que se registou em 2019. A Marinha sueca receberá novos equipamentos e o armamento será actualizado.

Com o final da Guerra Fria a Suécia desinvestiu na sua Defesa, um paradigma que tem vindo a mudar nos últimos anos e que já levou Estocolmo a comprar o sistema de mísseis antiaéreos Patriot aos Estados Unidos.

Acresce que a Suécia não faz parte da NATO, apesar de manter boas relações com os países que compõem a aliança atlântica. Até agora, o país gastava 1,1% do seu PIB em Defesa – a NATO sugere que os seus membros gastem cerca de 2%, apesar de nem todos cumprirem essa meta.

Antes do maior aumento orçamental militar dos últimos 70 anos, a Suécia já vinha dando sinais de querer apostar na sua Defesa. Em 2017, criou o seu primeiro regimento militar desde a II Guerra Mundial, estabelecendo uma unidade com 350 soldados enviada para a ilha de Gotland, no mar Báltico. No mesmo ano, o país reintroduziu o serviço militar obrigatório para um número limitado de homens e mulheres.

Sugerir correcção
Ler 29 comentários