Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros para aliviar tensão

Entre os 70 libertados está Oleg Sentsov, premiado pelo Parlamento Europeu em 2018 com o Prémio Sakharov.

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Oleg Sentsov esteve detido desde 2014 SERGEY DOLZHENKO/EPA

Rússia e Ucrânia trocaram, este sábado, 70 prisioneiros, numa tentativa de amenizar as tensões entre os dois países. Chegaram a Kiev esta manhã 35 pessoas, entre as quais 24 marinheiros ucranianos, capturados pela Rússia em Novembro de 2018.

O mesmo número de pessoas fez o caminho inverso, regressando a Moscovo. Entre elas, está o especialista em defesa aérea Vladimir Tsemakh, potencial suspeito e testemunha ocular do abate do avião MH17. A 17 de Julho de 2014, a aeronave da Malaysia Airlines, que fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur​ com 298 passageiros e membros da tripulação a bordo, foi abatido no céu da Ucrânia. Foi acusado de terrorismo, mas acabaria por ser libertado na quinta-feira, após um ano sob custódia das autoridades ucranianas. Fez parte da troca deste sábado, apesar dos apelos das autoridades holandesas, que temem que o regresso de Tsemakh à Rússia comprometa as investigações ao desastre aéreo.

Em Kiev, vários familiares esperavam os prisioneiros libertados. Mas também algumas figuras políticas fizeram questão de marcar presença, entre as quais o Presidente ucraniano. “Parece-me que todos tomámos o primeiro passo e que tudo o resto será construído com base nisto”, afirmou Volodimir Zelensky, citado pelo Washington Post, acrescentando que esta era a primeira fase para colocar um ponto final no conflito entre os países vizinhos. Na quinta-feira, Vladimir Putin afirmou que esta troca será “um bom passo em frente em direcção à normalização [das relações diplomáticas] “. 

Entre os que conseguiram regressar à Ucrânia, está o realizador Oleg Sentsov, premiado pelo Parlamento Europeu em 2018 com o Prémio Sakharov. O ucraniano foi detido na Rússia em 2014 e condenado a 20 anos de prisão por “planear actos terroristas” durante a anexação da península da Crimeia por parte da Rússia.

O cineasta de 43 anos esteve em greve de fome durante 145 dias. Em entrevista ao PÚBLICO, a prima, Natalia Kaplan, garantiu que as autoridades russas ameaçaram que o iriam alimentar à força, razão pela qual Oleg colocou fim ao protesto.

As relações entre os países vizinhos deterioraram-se em 2014, depois de os russos anexarem a península da Crimeia, que passou a ser controlada pelo Kremlin. Mais de 13 mil pessoas morreram neste conflito.

Para além dos dirigentes de ambos os países, esta troca foi comentada por outros líderes mundiais. Angela Merkel, chanceler alemã, classificou o gesto como um “sinal de esperança”. No Twitter, Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, felicitou as duas nações, dizendo que, talvez, tenha sido dado um “passo gigante em direcção à paz”.

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