Banca nacional consumiu 25 mil milhões em capital entre 2008 e 2017

Para Fernando Faria de Oliveira, antigo líder da CGD e presidente reconduzido da Associação Portuguesa de Bancos (APB) até 2020, a recuperação da reputação da banca é um dos desafios a vencer

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Novo mandato de Faria de Oliveira à frente da APB vai até 2020 Ricardo Lopes

Entre 2008 e 2017 o sector bancário nacional consumiu 25,1 mil milhões de capital, lembrou hoje Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) explicando que parte se destinou a absorver perdas e parte a responder a maiores exigências regulatórias.

No total estão incluídos os aumentos de capital realizados nos últimos nove anos pelos bancos privados: 12,4 mil milhões. A esta verba somam-se 5,3 mil milhões injectados no grupo estatal CGD e 7,36 mil milhões injectados pelo Estado no BES, no Novo Banco e Banif. Ou seja, mais de 25 mil milhões de euros.

E, a estes 25,1 mil milhões de euros, juntam-se outros 5,8 mil milhões de CoCos, os empréstimos estatais através de obrigações convertíveis aos bancos BCP, BPI, Banif e CGD, num total de 31 mil milhões de euros de dinheiro injectado na banca portuguesa.

Contas feitas, a APB salienta que só o Banif ficou a dever 125 milhões de euros ao Estado e os 900 milhões de euros emprestados à CGD foram convertidos em capital.

O Estado recebeu 1,228 mil milhões de euros de juros, de dividendos e de comissões, pelos empréstimos que concedeu CoCos.

Bancos reconduzem Faria de Oliveira

“As matérias relacionadas com os temas da compliance e da governação e da relação  da banca com as fintechs [empresas tecnológicas que competem com a banca]" são alguns dos desafios que o sector tem pela frente, afirmou esta segunda-feira, Faria de Oliveira, durante um encontro com a comunicação social.

Fernando Faria de Oliveira foi reconduzido como presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), lugar que exerce há seis anos, e que continuará a desempenhar até 2020.  

Entre os desafios que se colocam está também a recuperação da reputação da banca,  muito dificultada  "pelos casos lamentáveis" que se verificaram. Ou seja: BPN, BPP, Banif, BES, e contaminação da CGD por créditos tóxicos.

Faria de Oliveira procurou ainda desmistificar a ideia de que o sector não dá crédito a economia e cobra comissões excessivas pelos serviços que presta o que, em seu entender, "não é verdade".

Os maiores bancos do sistema, e que integram a APB, elegeram o antigo ministro dos governos de Cavaco Silva, hoje com 76 anos, em assembleia-geral realizada a 20 de Abril.

Foi em 2012, quando ainda estava à frente da Caixa Geral de Depósitos, o maior banco do sistema, que Faria de Oliveira foi nomeado pela primeira vez presidente da APB, o organismo que representa os interesses do sector.

Na altura, o actual número um da APB, cargo que exerce a tempo inteiro, foi substituir António de Sousa, anterior presidente da CGD, e fundador e administrador do ECS Capital, um fundo de capital risco que adquire activos dos bancos para os recuperar.

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