BCE deixa cair o terceiro maior banco da Letónia

Regulador europeu retirou o financiamento ao banco ABLV e não defende resgate. BCE acredita que banco está a falir e que não conseguirá fazer face às suas dívidas.

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Draghi diz que não é do interesse público resgatar banco ABLV Reuters/Francois Lenoir

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu este sábado cortar o financiamento ao ABLV, um banco letão que tem estado no centro do debate político naquele país e que está à beira de falir. Num comunicado desta manhã, a instituição liderada por Mario Draghi anunciou o fim da garantia europeia, negando um "bailout" ao banco, por considerar não ser do interesse público.

"Devido à significativa deterioração da sua liquidez, o banco provavelmente não conseguirá pagar as suas dívidas ou outras responsabilidades quando chegar o prazo" em que tem de o fazer, lê-se no comunicado do BCE.

A tomada de posição do BCE surge na sequência de suspeitas que o banco serviria para operações de lavagem de dinheiro em benefício de empresas com relações com a Coreia do Norte. As autoridades financeiras norte-americanas acabaram por colocar o ABLV na lista negra de entidades que praticavam lavagem de dinheiro, o que provocou uma corrida aos depósitos. Ora, tendo em conta esta situação, o BCE acredita que o banco não tinha liquidez necessária para fazer face à procura e deixa agora cair a instituição bancária, que é a terceira maior da Letónia.

Além do corte ao financiamento, o BCE decidiu que este banco não deve ser salvo, "uma vez que não é do interesse público". Contudo, os depósitos até 100 mil euros estão garantidos pelo fundo de garantia europeu.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, durante uma reunião na quarta-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, queixou-se aos seus pares de falta de informação por parte das autoridades da Letónia, e mantém o silêncio sobre os vários escândalos que têm afetado o sistema financeiro da Letónia nas últimas semanas.

O Governo da Letónia tem estado a braços com uma crise financeira e de credibilidade, depois da detenção por umas horas do governador do banco central, suspeito de ter recebido subornos num caso não relacionado com o ABLV. O Executivo acredita que esta crise tem interferência russa.

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