Lisboa sobe no ranking das 500 melhores universidades do mundo

Universidades do Porto e de Coimbra mantêm posições no Ranking de Xangai, um dos mais prestigiados. Harvard e Stanford continuam a ocupar os primeiros lugares.

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Pela primeira vez, a Universidade de Lisboa, que resultou da fusão da Técnica de Lisboa com a “Clássica”, é avaliada como uma só instituição no Ranking de Xangai. Rui Gaudêncio

É um dos mais conhecidos rankings de universidades do mundo — e é da praxe que seja publicado no mês de Agosto. É conhecido como Ranking de Xangai e diz quais são as 500 universidades que mais se destacam num conjunto específico de indicadores, como as citações de artigos de investigadores da casa. Há três instituições portuguesas na lista: Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e Universidade de Coimbra. A primeira melhora a performance em relação ao ano passado, as duas últimas mantêm as posições.

Pela primeira vez, a Universidade de Lisboa, que resultou da fusão da Técnica de Lisboa com a “Clássica”, é avaliada como uma só instituição. Em 2013, a “Clássica” ocupava uma posição algures entre o 301.º e o 400.º lugar — só são discriminadas no Ranking de Xangai as posições das instituições até ao lugar 100, a partir daí elas aparecem posicionadas em grandes intervalos. Já a Técnica estava entre o 401.º e o 500.º lugar. No Ranking de Xangai, versão 2014, a “nova” Universidade de Lisboa sobe vários degraus. E consegue ficar no grupo 201-300.

Aquele que, na verdade, se chama, oficialmente, Academic Ranking of World Universities começou a ser publicado em 2003 pela Universidade Jiao Tong de Xangai e é actualizado anualmente.

Inicialmente, a China queria comparar-se com as instituições de outros países. Mas o seu ranking foi ganhando audiência. Está longe de ser o único e é também alvo de muitas críticas, como são todos. Mas passou a ser considerado um dos mais prestigiados e muitas universidades preocupam-se em adoptar estratégias pensadas para ficar bem na fotografia. Os resultados da lista deste ano foram divulgados na madrugada desta sexta-feira.

Não há grandes novidades no topo da tabela. O domínio norte-americano mantém-se. Nas dez universidades melhor cotadas do mundo, há oito norte-americanas e duas britânicas. Tal como no ano passado, em 1.º e 2.º lugar aparecem, respectivamente as universidades de Harvard e de Stanford. O Massachusetts Institute of Technology (MIT) recupera o 3.º lugar que havia sido perdido em 2013 para a Universidade da Califórnia, Berkeley.

Olhando de novo para as portuguesas: a Universidade de Coimbra, que no ano passado tinha entrado pela primeira vez no ranking, e a Universidade do Porto, mantêm as posições. Estão, respectivamente, nos patamares 401-500 e 301-400. Isto apesar dos alertas deixados no ano passado.

O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, por exemplo, disse ao PÚBLICO, quando foram conhecidos os resultados de 2013, que os cortes orçamentais impostos em Portugal às universidades podiam pôr em causa o que estava a ser conseguido. E dava um exemplo: um dos indicadores do Ranking de Xangai era (e continua a ser) o número de citações de artigos científicos de investigadores das universidades. Quanto mais artigos publicados, maior a probabilidade de haver um número relevante de citações. Ora com a redução de financiamento que se tem imposto ao ensino superior, há o sério risco de se fazer menos investigação e publicar-se menos, explicava.

Aveiro nas engenharias
O Ranking de Xangai baseia-se na análise de uma série de indicadores: número de alunos e professores que receberam o Prémio Nobel ou Fields Medals; número de docentes e investigadores classificados entre os mais citados em 21 áreas de estudo das Ciências da Vida, da medicina, física, engenharia e ciências sociais; artigos publicados nas publicações Nature e Science; artigos internacionalmente referenciados em base de dados bibliográficos, como o Social Sciences Citation index; desempenho académico per capita.

Mais de 1200 universidades são analisadas. As 500 consideradas melhores são incluídas. Desta feita foram 177 americanas, 205 europeias (Cambridge é a primeira europeia), 113 da Ásia e Oceania, apenas 5 de África. A Universidade Jiao Tong, onde se situa o centro de pesquisa que faz a análise, aparece colocada no patamar 101-150.

Na China estão, de resto, 44 das 500 melhores universidades do mundo, segundo os critérios analisados. Mas o país não tem nenhuma que esteja nos primeiros 100 lugares.

Já o Reino Unido (8) e a Suíça (5) têm o maior número de instituições entre as 100 melhores, depois dos Estados Unidos (52).

Minho na Física
Para além do ranking geral, é feita uma avaliação por grandes áreas do conhecimento, das ciências naturais às engenharias — os critérios são semelhantes, mas concentra-se a analise em áreas temáticas. Na lista das que se destacam na área da Engenharia/Tecnologia e Ciências da Computação surge a Universidade de Lisboa (76-100), depois a Universidade de Aveiro e a do Porto (ambas no grupo 151-200).

Não há universidades portuguesas em mais nenhum dos rankings por grande área. O MIT é o melhor nas engenharias, Harvard, a melhor nas área da Medicina Clínica, Ciências Sociais e Ciências da Vida, e Berkeley está em 1.º no ranking das Matemáticas e Ciências Naturais. As Artes ficam de fora — e essa é uma das críticas frequentes a este ranking.

Afunilando ainda mais análise: são ainda divulgadas as listas das 200 universidades que mais se destacam em disciplinas como a Matemática ou a Economia, por exemplo. A Universidade de Lisboa aparece referenciada nos primeiros 100 lugares nos grupos de Matemática e de Ciências da Computação, a Universidade do Minho, que não está no ranking geral, distingue-se no grupo da Física (situando-se algures entre a 151.ª e a 200.ª posição). Está tudo no site http://www.shanghairanking.com/

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