UGT volta a admitir "rasgar" acordo de Concertação Social

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João Proença, durante a assinatura do acordo, a 18 de Janeiro Foto: Enric Vives-Rubio

O secretário-geral da UGT, João Proença, voltou esta quarta-feira a admitir “rasgar” o acordo de Concertação Social, se o Governo não cumprir as suas promessas. Arménio Carlos, da CGTP, refere que, se Passos Coelho tivesse feito uma “avaliação séria”, saberia que as políticas do memorando tinham falhado “redondamente”.

Comentando a quinta avaliação da troika ao desempenho da economia portuguesa, Arménio Carlos realçou a “grave recessão” e o “desemprego nunca visto” para demonstrar que a intervenção externa “falhou redondamente”. O secretário-geral da CGTP deixa um recado à troika, dizendo que, se esta “quisesse fazer uma negociação séria”, teria que reconhecer o seu falhanço. O sindicalista estabelece ainda um paralelo com o caso grego. “Já falhou na Grécia, está a falhar em Portugal”, defendeu.

Já João Proença não assume uma posição tão radical. Em declarações ao PÚBLICO, o líder da UGT avisa, contudo, que “não é possível aceitar a austeridade pela austeridade”, colocando o “objectivo do défice acima de todos os outros”. O sindicalista é peremptório. “Quanto mais sacrifícios, menos receitas”, diz. Proença rejeita ainda medidas alternativas ao corte do 13.º e do 14.º, argumentando que estas medidas “não vão diminuir o défice”.

A UGT, que, com as confederações patronais assinou em Janeiro o acordo de Concertação Social com o Governo, ameaça “rasgar” este contrato se as promessas governamentais não forem respeitadas. “Não ficamos prisioneiros dos acordos quando estes não são cumpridos”, afirma Proença. O secretário-geral da UGT diz que a “paciência” da central sindical tem “limites”, admitindo voltar à rua se o prometido não for cumprido.

Os dois líderes sindicais estão em sintonia na denúncia das dificuldades das empresas portuguesas. Se João Proença chama a atenção para o facto de que haver “financiamento sem crescimento económico é adiar a morte das empresas”, Arménio Carlos realça a necessidade de “pôr o país a crescer”, dando especial ênfase ao “mercado interno” de que estão dependentes “96% das empresas”.

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