Falta de vigilantes obriga pelos menos três museus nacionais de Lisboa a encurtarem horários

Coches, Arte Antiga e Chiado estão a fechar total ou parcialmente à hora do almoço. Insuficiência de pessoal, agravada pelo gozo de férias, conduziu a esta solução, autorizada pela tutela a título excepcional até 31 de Agosto.

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O Museu Nacional dos Coches passou a fechar diariamente entre as 13h e as 14h30 e antecipou para as 17h a hora de encerramento rui gaudencio

A redução do número de vigilantes devido ao gozo de férias de Verão das equipas está a obrigar alguns museus nacionais de Lisboa a encerrarem total ou parcialmente à hora do almoço para garantir a segurança dos acervos: assim está a acontecer, pelo menos, no Museu Nacional dos Coches, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC), confirmou a agência Lusa junto dos respectivos directores.

Silvana Bessone, a directora do Museu Nacional dos Coches, decidiu fechar as portas da instituição entre as 13h e as 14h30, e antecipar o encerramento para as 17h, em vez das habituais 18h, devido à falta de vigilantes. “O período de férias é complicado, e além disso há funcionários que continuam em casa porque são de risco neste quadro da pandemia”, explicou a responsável, referindo que, a seguir à reabertura dos museus, a 18 de Maio, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tutela os museus nacionais, “deu instruções para que os directores regulassem os seus horários consoante as suas necessidades”.

Com sete vigilantes a menos do que o habitual, o Museu Nacional dos Coches vai manter este horário até 31 de Agosto, situação que a directora não vê com alarme porque o número de visitantes “diminuiu muito com a pandemia, embora esteja a melhorar, gradualmente”. “Aqui entravam cerca de mil visitantes por dia. Esta manhã recebi 150, portugueses e estrangeiros, sobretudo famílias”, relata.

Também o director do MNAA, Joaquim Caetano, decidiu encerrar as salas da capela, do mobiliário e de artes decorativas entre as 12h e as 15h, pelo mesmo motivo, mas mantendo o horário de abertura da instituição entre as 10h e as 18h. “Quando entram, os visitantes são avisados de que há salas encerradas e de que podem regressar mais tarde para as ver, se assim o entenderem”, explicou Joaquim Caetano à Lusa. Ao longo dos últimos anos, o museu da Rua das Janelas Verdes tem recorrido por diversas vezes ao encerramento de salas devido ao crónico problema de falta de pessoal.

Dos 24 vigilantes que o MNAA tem disponíveis habitualmente, 16 estão a trabalhar. O director pediu ao Centro de Emprego um reforço de seis vigilantes e está a aguardar resposta.

Quanto à afluência de visitantes em tempo de pandemia, também se verifica uma gradual recuperação, para os 400 por dia: “Não é o que tínhamos antes do surgimento do vírus, mas já é razoável”, avalia Joaquim Caetano.

Por seu turno, a directora do MNAC, Emília Ferreira, optou por encerrar entre as 14h e as 15h ao fim-de-semana. “Num cenário ideal precisaríamos de 20 vigilantes e agora temos nove”, resume, ressalvando que a situação “não é tão dramática porque há salas neste momento sem exposições. Quando o MNAC inaugurar as novas exposições, em Setembro, o cenário vai agravar-se”, antecipa.

Ao todo, o MNAC dispõe de 15 vigilantes; actualmente, três estão de férias e outros três encontram-se de baixa médica. Mesmo assim, garante Emília Ferreira, a segurança das peças “está sempre assegurada, com um esforço de organização interna”.

Como o PÚBLICO noticiou na quarta-feira, o problema crónico da falta de vigilantes, agravado pelo período de férias, levou o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, a adoptar uma solução mais radical de encerramento total no segundo fim-de-semana do mês, de modo a respeitar o direito ao descanso dos dois únicos assistentes técnicos actualmente disponíveis.

Contactado pela Lusa, o gabinete de imprensa da DGPC confirmou que foi dada “uma autorização para a flexibilidade de horários de abertura e encerramento ao público de todos os museus, monumentos e palácios, até ao próximo dia 31 de Agosto de 2020”.

Esta medida, que “foi decretada na sequência da reabertura dos museus e monumentos após o covid-19, tendo em conta as condições excepcionais de funcionamento definidas por razões sanitárias”, “permite aos directores ajustarem os horários em função dos recursos humanos disponíveis, dos seus públicos e das suas especificidades geográficas ou outras”, adianta ainda a DGPC.

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