Viva T.E. Hulme!

O artigo mais surpreendente deste Outono é o de Patrick McGuinness sobre T.E. Hulme no TLS de 21 de Novembro. Para quem só conhece Hulme como poeta modernista e imagista, elogiado por Ezra Pound e morto em Flandres em 1917, com 34 anos, é interessante saber que era um democrata conservador, céptico e realista, com opiniões "do mal o menos" que continuam aplicáveis até aos dias de hoje.

Hulme era um poeta que gostava de andar à porrada (uma vez pendurou Wyndham Lewis pelas bainhas das calças por causa de uma coincidência amorosa). Era um gorila letrado. Quando ele morreu, o inteligentíssimo mas amoral Bertrand Russell disse que era uma boa notícia porque Hulme era "evil".

Hulme reconhecia que a ideia e a prática da democracia liberal são gostos desejáveis mas minoritários. Outras culturas têm (grande surpresa!) noções diferentes de progresso e de decadência.

Pound (tal como Eliot) é um grande poeta cujo anti-semitismo entrou muito nalguns poucos poemas deles. Wyndham Lewis era um artista menor com espírito fascista e Marinetti (que Hulme também combateu) era um génio publicitário que tentou fazer passar o fascismo, nostálgico e romanista, por modernista.

É preciso comprar o último TLS (custa cinco euros) para ler o maravilhoso artigo. Mas, caso não esteja para isso, vá gratuitamente ao The TLS blog e leia "T.E. Hulme's ways of seeing" de Alan Jenkins. Ouça também 15 minutos do mesmo autor a falar de Hulme.

Que sorte a nossa: viva T.E. Hulme!

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