“Não haverá instabilidade política”, afirma Marcelo

CDS-PP quer levar PE a votos, mas o “governo das esquerdas” rejeita. Depois de ouvir os partidos, Presidente está tranquilo.

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Marcelo considera que o CDS "cumpre a sua missão" como oposição "aguerrida" LUSA/TIAGO PETINGA

Depois de ouvir todos os partidos com assento parlamentar, o Presidente da República estava tranquilo. Afinal, os projectos de resolução que o CDS apresentou no Parlamento para rejeitar o Programa de Estabilidade e o Plano Nacional de Reformas terão o voto contra de toda a esquerda. “Não haverá instabilidade política, não será por aí que os documentos não vão chegar a Bruxelas”, afirmou ao fim da tarde Marcelo Rebelo de Sousa.

O CDS-PP foi o último partido a ser ouvido pelo Chefe de Estado, mas chegou a Belém num momento em que todos os partidos da esquerda já tinham garantido o voto contra aquela pretensão. E era isso mesmo que o partido liderado por Assunção Cristas pretendia.

“A política é importante para saber quem está com quem. Os partidos das esquerdas não podem fingir uns dias que são Governo e outros que são oposição, eles são os responsáveis por esta governação, com o que tem de bom e com o que tem de mau”, afirmou.

Antes, tanto o líder do PCP como a dirigente d’Os Verdes tinham apontado o dedo à iniciativa centrista. Jerónimo de Sousa chamou-lhe “chicana política” e Heloísa Apolónia desprezou-a dizendo que o PEV “não se identifica minimamente com o que esse partido defende”. E o Bloco também já dissera que “não cria problemas desnecessários” ao Governo.

Foi com essa tranquilidade que Marcelo Rebelo de Sousa considerou a iniciativa centrista como natural - “o CDS cumpre a sua missão, é bom ter uma oposição aguerrida” -, mesmo sendo sua preocupação “não haver qualquer tipo de gesto que possa criar instabilidade política”.

À saída da reunião em Belém, a líder do CDS-PP justificou a sua iniciativa, não apenas com a clarificação política em relação ao “governo das esquerdas”, mas também porque não concorda com as políticas que estão a ser seguidas. “O défice não é tudo, não vale tudo” para atingir esse objectivo, disse, criticando o facto de as metas do Tratado Orçamental estarem a ser atingidas “à conta de austeridade”.

A antiga ministra do Governo PSD/CDS-PP que aplicou o plano de austeridade acordado com a troika de credores internacionais aponta agora o dedo ao Governo PS para dizer que o défice tem sido alcançado através de “impostos indirectos e do corte brutal no investimento público que penaliza a qualidade dos serviços públicos”. “A austeridade é alcançada com cativações cegas” que têm prejudicado, afirma, os serviços de educação, saúde e transportes.

Na opinião dos centristas, essas metas têm antes de ser alcançadas com “o crescimento sustentado da economia portuguesa”. E é para isso – “para sair deste marasmo” – que o CDS apresentou “cerca de uma centena de propostas alternativas” ao Plano Nacional de Reformas.

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