Costa condena quebra de consenso nacional de não haver aproveitamento político de tragédias

"Custa muito ver políticos "não resistirem à tentação de fazerem aproveitamento político de dramas desta natureza", disse o primeiro-ministro.

Costa condena quebra de consenso nacional de não haver aproveitamento político de tragédias RTP

O primeiro-ministro, António Costa, considerou na segunda-feira à noite "absolutamente lamentável que se tenha quebrado um consenso nacional que sempre existiu" de não haver aproveitamento político de tragédias como as dos incêndios.

Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação do candidato socialista à Câmara de Sesimbra, António Costa escusou-se a comentar as críticas do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, sobre a actuação do Estado no combate aos incêndios.

"Acho absolutamente lamentável que se tenha quebrado um consenso nacional que sempre existiu, que perante tragédias desta natureza não haja aproveitamentos políticos", condenou.

Na opinião do primeiro-ministro, custa muito ver políticos "não resistirem à tentação de fazerem aproveitamento político de dramas desta natureza e perante o esforço enorme que todos os agentes de protecção civil estão a fazer para conter estas situações, em vez de lhes darem uma palavra de alento, de carinho, de ânimo, de agradecimento pelo esforço que estão a fazer, pelo contrário os virem criticar".

Para Costa, se há algo é essencial neste momento, "em que as populações estão a sofrer esta ameaça, em que os profissionais e os voluntários que servem a protecção civil têm estado num trabalho incansável ao longo destas semanas", é dar-lhes "palavras de alento, de agradecimento e não crítica".

O primeiro-ministro sublinhou que na última semana houve 1414 incêndios em Portugal, um número muito elevado que "resulta de factores diversos", sendo "porventura muitos de mão criminosa, mas seguramente de problemas estruturais que têm a ver com décadas de desordenamento florestal".

"Temos que dar todo o apoio a quem está a combater os incêndios e não nos perdermos em guerras políticas. Há-de haver o tempo em que todo esse debate deve ser feito, mas deve ser feito pela positiva", apelou.

Costa considerou, por isso, fundamental não "desperdiçar energias em questiúnculas político-partidárias" e criticou que "quem andou a liberalizar a plantação dos eucaliptos venha agora atirar pedras a quem está neste momento a fazer um grande esforço para controlar esta situação".

Para o primeiro-ministro, "é inadmissível que se condene o trabalho dos bombeiros e da Protecção Civil com a ligeireza" com que tem visto fazer-se quando não se tem em conta que 90% dos incêndios foram rapidamente debelados.

Assim, o líder socialista fez questão de deixar uma palavra de alento e agradecimento a todos o que têm estado no combate aos incêndios e uma palavra de solidariedade para com as populações que têm vivido uma "situação terrível, que é preço de décadas de desordenamento da nossa floresta".

Questionado sobre a acusação de Passos Coelho, que considerou na rentrée política de domingo que o Governo fez cedência ao "radicalismo de esquerda" com uma alteração "à lei de estrangeiros, que na prática permite que qualquer pessoa possa ter autorização de residência em Portugal desde que arranje uma promessa" de contrato de trabalho, Costa recusou "alimentar esse pingue-pongue" com o líder da oposição.

"Desejo que as férias lhe sejam retemperadoras e que permita voltar à actividade política com a serenidade e o sentido de responsabilidade que é exigido a qualquer líder político", disse apenas.

Questionado sobre as críticas em concreto, o primeiro-ministro foi peremptório: "mas quando o líder da oposição não fizer críticas ao Governo, é porque o Governo está a agir mal".

Sugerir correcção
Ler 4 comentários