FNAM indica que crise nas urgências dos hospitais mantém-se depois do “mau acordo”

Dirigente da Fnam defende que encerramento de muitos serviços de urgência no país tem que ver com o facto de “não ter sido obtido um acordo muito satisfatório” com o Governo.

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Joana Bordalo e Sá, presidente da Fnam, (à esquerda) e Manuel Pizarro, ministro da Saúde (à direita) LUSA/ESTELA SILVA
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A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) indicou que a crise nas urgências hospitalares mantém-se depois do “mau acordo” do Governo, avançado que esta sexta-feira, entre Leiria e Algarve, apenas estão abertos três serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia.

A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá disse à agência Lusa que o encerramento desta sexta-feira do serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, deixou toda a região entre Leiria e o Algarve apenas com os serviços de urgência desta especialidade no Hospital de Cascais, Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, e a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Joana Bordalo e Sá considerou esta situação “uma realidade inédita" e de "extrema gravidade”.

“Há muitos outros serviços de urgência no país encerrados e outros funcionam com muita dificuldade. Isto tem muito que ver com o facto de não ter sido obtido um acordo muito satisfatório”, precisou, sublinhando que “a crise nos serviços de urgência mantém-se e é lamentável que o Governo não tenha conseguido resolvido o problema”.

A presidente da Fnam frisou que os médicos “continuam descontentes e este é o resultado”, referindo-se à crise nos serviços de urgência que se mantém de norte a sul do país.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde chegou a um acordo intercalar com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em que prevê um aumento de 14,6% para os assistentes hospitalares com horário de 40 horas, de 12,9% para os assistentes graduados e de 10,9% para os assistentes graduados seniores.

Para os médicos internos, que estão em formação especializada, o aumento é de 15,7% para os internos do quarto ano e seguintes, de 7,9% para os médicos que estão a frequentar o primeiro, segundo e terceiro anos da especialidade e de 6,1% para os internos do ano comum.

A Fnam não assinou o acordo, considerando que os valores ficam “muito aquém” e que é “um mau acordo para os médicos”.

“O facto de dezenas de hospitais continuarem com os serviços de urgência condicionados ou encerrados, de norte a sul do país, é demonstrativo da falta de calibre e dedicação política ao SNS e acesso universal à saúde que a proposta do Governo representa”, sustenta a Fnam.

Joana Bordalo e Sá acrescentou também que se perspectiva “um mês de Dezembro pior” do que o de Novembro, tendo em conta que as infecções respiratórias vão aumentar.

A Fnam indicou ainda que vai contestar o decreto-lei do novo regime de trabalho, a dedicação plena, até às últimas instâncias nacionais, no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia, tendo em conta que “representa um retrocesso laboral repleto de inconstitucionalidades”.

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