Eis um guia para plantar miniflorestas com mega-aprendizagens

Especialistas de várias áreas fizeram um guia simples com 12 passos para construir espaços de biodiversidade nas cidades. Passo a passo, o guia será desvendado no Azul até ao dia 21 de Março.

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As miniflorestas são pequenos espaços onde se faz uma plantação muito densa DR
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O guia Plantar MiniFlorestas para MegaAprendizagens quer “dar as informações e os recursos necessários” para que as escolas com interesse nestes espaços verdes possam plantá-los de “forma autónoma”, resume segundo David Avelar, biólogo e investigador em Alterações Climáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e co-fundador da 2adapt. Assim, juntando a vontade de concretizar um projecto deste tipo às ferramentas certas, está meio caminho feito para criar uma pequena floresta por perto.

Tudo começou no âmbito do projecto 1Planet4All, que é implementado em Portugal pela Organização Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD)​ VIDA. A 2adapt, uma empresa de serviços de adaptação climática, foi subcontratada para fazer alguns projectos, como a plantação de miniflorestas e a realização deste guia.

O guia da 2adapt surge dois anos depois de plantarem a FCULresta, a primeira minifloresta em Portugal e que mora na FCUL. Desde então, além de plantarem mais quatro destes espaços verdes, adianta David Avelar, “têm sido muitos os pedidos de ajuda, sobretudo de escolas, para plantar estas miniflorestas”.

Para responder a este interesse, desenvolveram um guia de 4 etapas, que se desenrolam em 12 passos. As etapas? Começar por "Sonhar e Observar", passar para "Planear e Recolher", investir em "Implementar e Conectar", e, por fim, "Celebrar e Potenciar". Dentro de cada uma destas etapas existem 3 passos, que vão ser desvendados, um por dia, no Azul até ao Dia Internacional das Forestas, 21 de Março.

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As miniflorestas são “pequenos espaços, no mínimo com 300m2, onde se faz uma plantação muito densa”, diz-nos o biólogo da 2adapt, e “são precisos uma série de investimentos”. É necessário garantir um bom solo, uma abundância de espécies autóctones e uma rega para o sucesso da minifloresta, vai revelando David Avelar.

Akira Miyawaki – a inspiração

Estas miniflorestas foram criadas nos anos 70 pelo Akira Miyawaki, professor e botânico japonês, que se inspirou nas florestas milenares japonesas. Miyawaki desenvolveu uma metodologia que constrói uma estrutura de multicamadas baseadas no clima e habitat locais e procura replicar as camadas de uma floresta natural.

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Apesar de ter sido grande o mediatismo, segundo David Avelar, não existia nenhum destes projectos no mediterrâneo. Por isso, a FCUL pegou na “receita” de Miyawaki e adaptou-a para o mediterrâneo.

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O solo abundante em nutrientes e água, a densidade e diversidade da plantação e o envolvimento comunitário permitem uma taxa de sobrevivência e crescimento da floresta anormalmente elevada.

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Como no método usado são colocadas seis plantas onde normalmente só há uma, existe competição positiva. Isto é, as plantas competem pela luz solar, o único factor que não lhes é garantido. Segundo David Avelar, a taxa de crescimento nesta estratégia é dez vezes superior à observada nos métodos tradicionais.

A plantação destas florestas pode trazer vários benefícios, David enumera alguns, desde atracção de biodiversidade à diminuição da poluição do ar e do ruído, à absorção de água e diminuição da temperatura. Mas as vantagens não são só para o planeta, estes pequenos espaços verdes providenciam frutos e ervas aromáticas, trazem mais estabilidade ao solo e podem reduzir o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares. Para os locais que as adoptem, as miniflorestas reduzem ainda o stress e a solidão, valorizam os imóveis e melhoram a educação.

Contributo para os ODS

Este projecto destaca ainda a contribuição das miniflorestas para alcançar uma boa mão cheia de Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas na Agenda de 2030.

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Eis alguns exemplos, segundo os responsáveis do projecto. Por serem lugares de aprendizagem, os alunos podem adquirir conhecimentos e competências para promover um desenvolvimento sustentável, o que contribui para a educação de qualidade (ODS 4).

As florestas podem ainda reduzir os desastres naturais porque são reguladoras de temperatura, atenuando as ondas de calor, e da água, ao promover a filtração. Ajudam ainda a diminuir a poluição sonora, visual e química, representando um espaço verde público, seguro e inclusivo encaminhando as cidades e comunidades num sentido mais sustentável (ODS11).

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Estes espaços verdes contribuem também para Acção Climática (ODS13), fortalecendo a resiliência e a capacidade de adaptação a desastres relacionados com o clima, contando ainda com um plano de mitigação que permite sequestrar CO2 atmosférico.

As plantas das miniflorestas são de espécies autóctones, que atraem animais e valorizam os ecossistemas e biodiversidade no planeamento, protegendo a vida terrestre (ODS15).

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Por fim, ao envolver as pessoas no processo de plantação e a criar espaços saudáveis para o convívio, as miniflorestas garantem parcerias para o desenvolvimento sustentável (ODS17).

Já foram desenvolvidas cinco outras miniflorestas pela 2adapt. Os projectos foram implementados em diferentes contextos: no académico (na FCUL), no escolar (na Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira e no Instituto dos Pupilos do Exército) e no Comunitário (no Bairro da Bela Vista e do Areeiro). Um sucesso que agora se quer multiplicar.

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