Morhua: um tributo ao bacalhau à beira da praia de Mira

Naquela que é a única zona balnear que ostenta a bandeira azul, ininterruptamente, desde a sua criação (1987), mora agora um espaço gastronómico que exalta o “fiel amigo”.

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Morhua Nelson Garrido

As fotografias expostas nas paredes ajudam-nos a recordar que a forte ligação dos portugueses ao bacalhau não se resume aos prazeres da mesa. São várias imagens a preto e branco – de homens a navegar, de forma solitária, em pequenos dóris –, que trazem à memória vários séculos de história para a qual aquela terra à beira-mar plantada muito contribuiu. Mira também teve alguns dos seus homens dedicados à pesca do bacalhau, nos mares gelados do Atlântico Norte, e há alguns meses passou a contar com um restaurante dedicado ao “fiel amigo”. A começar pelo nome, Morhua (Gadus Morhua é o nome científico do bacalhau-do-Atlântico, o que consumimos em Portugal), e culminando com as propostas que nos são apresentadas na carta.

Instalado no número 7 da Rua Furriel Meliciano António Henriques da Costa, a meia dúzia de passos do areal da praia de Mira, o Morhua Restaurante surgiu pelas mãos de um filho da terra que estava há vários anos a trabalhar fora do país.

Depois de várias experiências profissionais no continente africano, a última das quais em São Tomé, que lhe deixou saudades, Tiago Gomes focou-se na concretização de um sonho antigo: ter um espaço próprio na sua terra natal.

Em finais do Novembro, as portas do Morhua abriram-se ao público, dotando a praia de Mira com uma proposta gastronómica focada no bacalhau – também há outros pratos, como polvo à lagareiro ou bife à portuguesa, mas apenas para não deixar de fora aqueles que não gostam deste produto estrela da gastronomia nacional.

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Morhua

Repartidas por dois pisos, rés-do-chão e primeiro andar, as salas do Morhua apostam num ambiente descontraído e confortável. Afinal de contas, estamos à beira da praia, a uma curta distância do areal que goza de um estatuto muito especial: a praia de Mira é a única zona balnear que ostenta a bandeira azul, ininterruptamente, desde a sua criação, em 1987.

Da tibornada ao bacalhau dos “enterros”

Tibornada de bacalhau, açorda de ovas com línguas de bacalhau, massada de bacalhau, risotto de bacalhau ou bacalhau confitado. A carta apresenta várias propostas que tornam a escolha difícil. Pedimos ajuda a Tiago Gomes, sem esconder que há ali um nome que salta à vista: bacalhau dos “enterros”.

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“Sempre que morria alguém aqui na zona, era costume serem os vizinhos a tratar do almoço da família enlutada. E era bacalhau que faziam, com batatas, alho, cebola e azeite, deixando o tacho dentro de um saco de ração para ficar a abafar”, conta. No Morhua, recuperou-se a receita, “dando-lhe um toque especial”, destaca Tiago. Foi precisamente esse um dos pratos que fizemos questão de degustar, a par com o risotto e o bacalhau na telha, já depois de termos provado as pataniscas, as ovas, a punheta e camarão.

Para acompanhar todos estes pratos de bacalhau, e também as propostas adicionais, a casa aposta numa carta de vinhos que abrange várias regiões nacionais, mas com maior destaque para a região mais próxima, a Bairrada. Também pode pedir uma sangria ou uma “champanhada” para acompanhar as iguarias de bacalhau.

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