Qual é a melhor hora para fazer exercício? Ciência diz que a resposta é diferente para homens e mulheres

Estudo sugere que as mulheres queimam mais gordura quando fazem exercício de manhã, mas ganham mais músculo quando treinam ao final do dia. Exercício à tarde ajuda os homens a prevenir o risco de doença cardiovascular.

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Treinar de manhã promove a perda de massa gorda das mulheres, indica estudo Rui Gaudencio

Um grupo de investigadores nos EUA descobriu que a hora que se escolhe para fazer exercício físico parece acentuar diferentes benefícios em homens e mulheres. As mulheres, por exemplo, devem tentar fazer exercício de manhã se querem diminuir a pressão arterial e potenciar a perda de massa gorda (particularmente, na zona abdominal), mas devem treinar ao final do dia se o objectivo é aumentar a massa muscular ou melhorar o humor. Nos homens, qualquer hora do dia serve para treinar força (ou seja, ganhar massa muscular), mas o exercício durante a noite é o ideal se o objectivo é estimular a saúde cardíaca e, com isso, reduzir o risco da diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

O estudo, que foi publicado esta segunda-feira na revista académica Frontiers in Physiology, baseia-se no acompanhamento de 56 homens e mulheres ao longo de três meses. “A hora do dia a que se faz exercício pode ser importante para optimizar melhorias ao nível da saúde e desempenho induzidos pelo exercício físico”, concluem os investigadores. “Os profissionais de saúde e de exercício físico que queiram enfatizar determinados resultados devem considerar a hora do dia nas [suas] prescrições.”

Nas mulheres, por exemplo, a equipa percebeu que os treinos matinais estavam associados a maiores perdas de gordura na zona abdominal. Isto é importante porque este tipo de gordura envolve órgãos internos, como é o caso do coração e do fígado, e está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares.

A equipa salienta, no entanto, que as conclusões não devem limitar a prática de exercício. “A melhor hora para fazer exercício é a melhor hora a que alguém consegue”, acautelou Paul Arciero, o professor de fisiologia do Skidmore College, em Nova Iorque, que liderou o estudo, durante a apresentação dos resultados.

O exercício tem benefícios para a saúde física e mental independentemente da hora do dia em que se treina, só que diferentes horários podem acelerar determinados resultados (ganho de massa muscular, bom humor, perda de massa gorda) consoante o género dos praticantes.

“O exercício nocturno foi considerado ideal para homens interessados em melhorar a saúde do coração e do metabolismo, bem como o bem-estar emocional”, sugere Paul Arciero.

Para chegar aos resultados, os investigadores acompanharam 56 participantes (30 mulheres e 26 homens), saudáveis e activos, com idades entre os 34 e os 53 anos, ao longo de três meses. Ambos os grupos receberam planos nutricionais detalhados para assegurar que as diferenças na alimentação não influenciavam os resultados. O plano de treino incluía corridas matinais ou nocturnas e treinos de força. Um dos grupos tinha de treinar entre as 7h30 e as 8h30 da manhã; outro podia treinar entre as 18h e as 20h.

Ao longo do estudo, os participantes fizeram análises sanguíneas e mediram a tensão arterial e gordura corporal. Os grupos também foram avaliados ao nível da sua flexibilidade, força e aptidão cardiovascular.

O motivo para as diferenças entre géneros ainda não é claro, mas os investigadores acreditam que se devem a diferenças a nível das hormonas e do ritmo circadiano (o chamado “relógio biológico”) que são as mudanças físicas, mentais e comportamentais que seguem um ciclo de 24 horas.

A equipa reconhece que há várias limitações ao trabalho. “O foco foi investigar adaptações [ao treino] de uma forma não invasiva, [por isso] não conseguimos explicações moleculares detalhadas [sobre os resultados]”, lê-se no estudo. Além disso, os investigadores notam que optaram por “incluir apenas homens e mulheres que fazem exercício regularmente” e, por isso, os resultados podem não ser aplicáveis a mulheres e homens sedentários ou com excesso de peso. Os investigadores explicam que escolheram trabalhar com pessoas activas para perceber diferenças subtis no desempenho dos atletas consoante o horário de treino.

O facto de os participantes serem maioritariamente homens e mulheres caucasianos também significa que as minorias étnicas não estão representadas nas conclusões, de acordo com a equipa.

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