Superiate de poderoso oligarca está de regresso à Rússia enquanto outros se escondem para não serem apreendidos

A dispersão dos megaiates russos ocorre depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, ter dito que o país e os seus aliados estão preparados para apreender os barcos, apartamentos de luxo e jactos particulares de russos ricos e politicamente ligados a Putin.

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O superiate de Andrey Melnichenko apreendido pelas autoridades italianas Sabri Kesen/Anadolu Agency via Getty Images

Um dos maiores superiates do mundo, supostamente propriedade do multimilionário russo sancionado Alexey Mordashov, está de regresso à Rússia, para o porto de Vladivostok. Também outros navios de luxo, ligados a oligarcas, abandonaram os populares portos do Mediterrâneo, enquanto outros simplesmente desapareceram mal foram conhecidas as sanções impostas a alguns dos cidadãos mais ricos da Rússia.

A dispersão dos mega iates russos ocorre depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, ter dito que o país e os seus aliados estão preparados para apreender os barcos, apartamentos de luxo e jactos particulares de russos ricos e politicamente ligados a Putin. Este mês, os EUA anunciaram mais sanções, visando várias dezenas de oligarcas acusados de permitirem a guerra na Ucrânia. “Estamos a ir atrás dos vossos ganhos ilegítimos”, declarou Biden.

O superiate Nord, com 141 metros de comprimento, é um navio com um valor de 500 milhões de dólares (mais de 450 milhões de euros) tem dois heliportos, um cinema e 20 cabines de luxo, está actualmente no Mar da China Meridional e segue para Vladivostok, uma cidade portuária russa perto do Japão. Outros iates ligados à Rússia desligaram os seus transponders, os dispositivos de comunicação, e começaram a deixar as cidades turísticas europeias, navegando em direcção ao Médio Oriente, onde o escrutínio feito aos oligarcas é menor.

De acordo com dados compilados pela Bloomberg, pelo menos nove iates ligados a magnatas russos desligaram os sistemas desde 24 de Fevereiro, dia em que a invasão da Ucrânia começou, e 11 de Março, quando o Presidente norte-americano anunciou sanções adicionais contra empresários próximos a Putin, além de 47 dos seus familiares e associados. A maioria dos navios alegadamente pertencem a oligarcas sancionados ou sinalizados pelos EUA como próximos de Putin, enquanto outros são propriedade de magnatas que não estão nas listas das sanções.

Os regulamentos marítimos internacionais exigem que todos os navios de passageiros, independentemente do tamanho, transmitam as suas posições a outras embarcações e autoridades costeiras. Os dispositivos, chamados de sistema de identificação automática ou AIS, devem estar em funcionamento permanente para rastrear as embarcações.

“Não há razão para que as suas transmissões AIS fiquem desligadas durante dias”, declara Gur Sender, responsável pelo programa da Windward Ltd., especializada em risco marítimo e inteligência. “Mesmo que se esteja no meio do oceano, tem de ter um satélite que capta a transmissão uma vez a cada oito horas. Se for um grande iate, é do interesse do seu proprietário tê-lo para que todos possam ver o navio de maneira a evitar acidentes.”

A União Europeia e o Reino Unido também anunciaram sanções a muitos dos mesmos magnatas, com as autoridades italianas, francesas e alemãs a tentar localizar os seus barcos de luxo. A Itália apreendeu um superiate de 530 milhões de euros, propriedade do multimilionário russo Andrey Melnichenko. As autoridades apreenderam ainda Lena, de Gennady Timchenko, na cidade costeira de San Remo, e um outro barco de Alexey ​Mordashov, o Lady M, em Imperia. Entretanto, o mega iate Dilbar, do magnata do metal Alisher Usmanov, está detido na Alemanha.

Estas acções levaram os magnatas russos a evitar o Mediterrâneo e o norte da Europa, que normalmente é repleto de mega iates na Primavera e no Verão. O Médio Oriente, com o seu fácil acesso ao Oceano Índico, supera outras regiões por ser o último local conhecido de muitos navios sancionados. De acordo com dados de navios analisados ​​pela Bloomberg, pelo menos oito navios foram vistos perto dos Emirados Árabes Unidos, Omã ou Arábia Saudita, nos últimos dias.

Segundo a Superyacht Groups, uma organização que analisa o sector, os mega iates de proprietários russos correspondem a cerca de 10% da frota global. Alexey Mordashov, um multimilionário do aço e o terceiro homem mais rico da Rússia, estacionou o Nord nas Maldivas e Seychelles durante o Inverno. A embarcação deixou as Seychelles em 12 de Março, parou brevemente no Sri Lanka e chegou ao Estreito de Singapura em 22 de Março. O Nord está a transmitir que a sua rota termina em Vladivostok, aonde chegará no início da próxima semana.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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