Lyon entrega cinco medalhas de ouro a cervejas artesanais portuguesas

Numa fase de “quedas brutais” para o mundo da cerveja artesanal em Portugal, a Letra e a Vadia conquistaram cinco medalhas de ouro e quatro de prata no Concours International de Lyon.

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Francisco Romão Pereira

Ao todo, foram nove (cinco de ouro, quatro de prata) as medalhas conquistadas por cervejas artesanais portuguesas no Concours International de Lyon, França, evento que distingue não apenas os melhores vinhos como também — desde 2015 — as melhores bebidas espirituosas e as melhores cervejas artesanais do mundo.

A cerveja Letra, de Francisco Pereira e Filipe Macieira, conquistou quatro medalhas, três de ouro e uma de prata, num ano em que estiveram à prova mais de 9300 amostras, provenientes de 43 países, sendo que três são de ouro e uma de prata.

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Nelson Garrido

As de ouro foram atribuídas à Letra D Red Ale (de cor avermelhada, com sabor e aroma caramelizado), à edição do 7.º Aniversário Cherry and Blueberry Wild Ale (uma cerveja ácida que estagiou em barrica de carvalho cerca de um ano antes de se lhe adicionar mirtilos e cereja) e à Cervejola Old Brandy Inspired Imperial Brown Ale desenvolvida em parceria com a Adega de Ponte da Barca (durante o processo de maturação foi adicionada uma aguardente vínica do Noroeste de Portugal, previamente preparada com a infusão em lascas de carvalho francês e americano). A medalha de prata foi atribuída à Oak Golden Sour, cerveja de cor clara maturada em barrica de carvalho francês durante sete meses.

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Nelson Garrido

“Numa época tão conturbada é importante ver a qualidade das cervejas Letra distinguida e apreciada em prestigiados concursos internacionais, como o Concours International de Lyon”, refere a cerveja minhota criada em 2013 ainda em ambiente académico. “Os excelentes resultados das cervejas Letra a concurso confirmam cada vez mais o reconhecimento por parte dos especialistas e a sua apreciação por parte de público internacional, reforçando a qualidade da cerveja Letra e o reforço da sua posição no mercado da cerveja artesanal.”

Entre os medalhados — e sendo que há 17 vinhos portugueses distinguidos, seis deles de ouro —, a cerveja Vadia, com sede em Ossela, Oliveira de Azeméis, foi a que mais troféus levou para casa. Foram cinco medalhas, duas de ouro e três de prata. 

Ouro para a Vadia Trigo, das primeiras a serem produzidas pela Vadia (aroma com notas de banana e cravinho provenientes das leveduras de fermentação alta típicas das cervejas de trigo da Baviera), e para uma das mais recentes, a Vadia Nautika (cerveja espessa e robusta com toque de café). Prata para a Vadia Rubi (aroma com notas de caramelo provenientes do malte ligeiramente tostado), a Vadia Extra (dopplebock, interpretação da cerveja que os monges da Idade Média preparavam para beber durante o jejum da Quaresma) e a Vadia Edição Limitada Ginja Oak Aged Sour (ácida, maturada em barrica com adição de ginja).

“Já temos 33 medalhas, felizmente em todas as nossas cervejas fixas”, referiu à Fugas Nuno Marques, fundador da Vadia (em 2007 juntamente com Nicolas Billard e Victor Silva), que curiosamente começou a participar em concursos em 2012 com a Trigo. “Todos os anos colocamos à prova o nosso produto”, refere o cervejeiro perante o “ano de Lyon mais premiado” e que coincide com um ano “muito complicado” para a marca assim como “para a generalidade dos microcervejeiros”. Com “quebras brutais de um dia para o outro” desde Março do ano passado, a Vadia teve que se reinventar. Mas nem a aposta no online, nem o reforço nas grandes superfícies evitou que 2020 fosse “um ano perdido”. “E temos dúvidas que 2021 poderá ser salvo só com os meses de Verão...”

Apesar de tudo, e com cerca de “metade da produção” em 2020, a Vadia já começou a produzir, preparando-se para o Verão. “Apesar de estarmos a desconfinar aos poucos, nota-se a falta de confiança das pessoas. Ninguém se compromete com nada. As pessoas estão a viver com os mínimos e não compram cerveja artesanal, um produto premium, mais fora do normal”.

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