Com Trump fora de cena, EUA regressam ao Conselho de Direitos Humanos

Dois anos depois do abandono pela Administração Trump, os Estados Unidos anunciam a sua candidatura a um novo mandato no órgão das Nações Unidas. Casa Branca reafirma compromisso com “a defesa dos valores democráticos” e renova queixas sobre o tratamento dado a Israel.

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Anrtony Blinken, o novo secretário de Estado norte-americano, numa reunião com o Presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris Reuters/JONATHAN ERNST

Os Estados Unidos da América deram mais um passo para o regresso às organizações internacionais que a Administração Trump abandonou nos últimos anos, ao anunciarem, esta quarta-feira, a sua candidatura a um novo mandato no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Numa declaração gravada em vídeo, o novo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, renovou o compromisso do país “com uma política externa que une os valores democráticos à liderança diplomática, centrada na defesa da democracia e na protecção dos direitos humanos”.

“Queremos regressar ao Conselho de Direitos Humanos para ficarmos ombro a ombro com os nossos aliados e parceiros, e para garantirmos que este importante órgão está à altura dos seus propósitos”, disse o responsável pela pasta da política externa dos EUA.

“Estamos determinados a ouvir, a aprender e a trabalhar em prol de um mundo em que os direitos humanos são universalmente respeitados”, disse Blinken.

Ainda assim, o secretário de Estado norte-americano sublinhou os velhos pontos de fricção que sempre existiram entre a Casa Branca (com presidentes do Partido Republicano e do Partido Democrata) e o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em particular as diferenças em relação ao tratamento de Israel.

“No momento do nosso regresso, apelamos ao Conselho de Direitos Humanos que reflicta sobre a forma como conduz os seus trabalhos. E isso inclui o seu foco desproporcionado em Israel”, disse Blinken.

"Viés inaceitável"

Se se confirmar a sua eleição, em Outubro, os EUA regressam ao órgão das Nações Unidas em Janeiro de 2022 para um mandato de três anos. 

Entre os 47 membros que compõem actualmente o conselho estão países que têm sido muito criticados pelo Departamento de Estado norte-americano em relação ao respeito pelos direitos humanos.

“Sabemos que há muitos desafios no conselho, incluindo um viés inaceitável contra Israel e a existência de regras que permitem a participação de países com registos de direitos humanos atrozes”, disse Blinken. “No entanto, a melhor forma de melhorar o conselho é fazê-lo a partir de dentro.”

A saída dos EUA foi anunciada em Junho de 2018, depois de a Administração Trump ter exigido que o conselho deixasse cair o seu “viés crónico anti-Israel”.

Desde a sua criação, o conselho mantém um dossier aberto em permanência sobre a questão dos territórios palestinianos – e aprova regularmente resoluções de condenação aos ataques israelitas em Gaza e nos territórios ocupados da Cisjordânia.

Na mesma declaração, esta quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano voltou a pedir à Rússia a libertação imediata do dissidente Alexei Navalny e das centenas de manifestantes que foram detidos no país, nas últimas semanas, por terem participado em protestos em defesa de Navalny e contra o Presidente Vladimir Putin.

E depois de denunciar as “atrocidades cometidas na província de Xinjiang”, onde o Governo chinês mantém aprisionadas um milhão de pessoas da minoria muçulmana uigure, Antony Blinken referiu-se aos problemas internos nos EUA, dizendo que a nova Administração vai trabalhar para “combater o racismo sistémico e a injustiça económica”. 

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